Título: João Hélio
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Fonte: O Globo, 17/04/2008, O Globo, p. 2

Um ano e três meses após o assassinato do menino João Hélio, no Rio, o Congresso não aprovou praticamente nenhum projeto do pacote para conter a violência. Esse pacote contém medidas sugeridas por Ministério da Justiça, parlamentares e governadores. O acordo na Câmara para destrancar a pauta de medidas provisórias vai abrir uma janela para isso.

A pauta dos governadores

O acordo entre governo e oposição na Câmara, sobre as medidas provisórias, vai criar uma janela de cinco a seis semanas, no primeiro semestre, para que seja votada uma pauta do Legislativo. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), sugeriu ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que se dê preferência aos projetos de segurança defendidos pelos governadores. Entre eles estão o que tipifica como crime entrar com celular em presídio; prevê o rastreamento eletrônico de presos; cria programa de subsídio habitacional para policiais; aumenta a pena de líderes de rebelião em presídios; e fixa regras para escuta telefônica.

A oposição tem que ter cara. O Serra e o Aécio são as melhores caras que temos. Mas eles não fazem oposição" - Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado (AM)

ABRIL INDÍGENA. Cerca de 700 índios de 20 estados, segundo os organizadores do movimento, estiveram ontem no Congresso para pressionar pela aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas e pela criação do Conselho Nacional de Política Indigenista. Contrários a uma nova demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, eles também protestaram contra a suspensão pelo STF da retirada de não-índios da reserva.

Dilma, dossiê e intenção de voto

Pesquisas encomendadas por tucanos no interior da Bahia mostram, a exemplo do que ocorre em São Paulo, o crescimento das intenções de voto na ministra Dilma Rousseff. Há um mês ela tinha entre 1% e 2%. Agora está entre 8% e 10%. No município de Utinga, ela ultrapassou Ciro Gomes (PSB) e está em segundo lugar, atrás apenas de José Serra (PSDB). Neste momento, a ministra está faturando com sua exposição no escândalo do dossiê.

Aumento para policiais

Os senadores do PMDB Romero Jucá (RR), líder do governo, e José Sarney (AP) querem incluir policiais militares e bombeiros dos ex-territórios (Roraima, Rondônia, Amapá e Acre) no reajuste salarial previsto para as Forças Armadas. Dizem que, se o ministro Paulo Bernardo não cumprir o acordo, farão emendas para incluir o aumento no projeto do Executivo. "Compromissos assumidos aqui não são levados tão a sério como eu pensava antigamente", disse Sarney.

EM CAMPANHA para chegar à presidência da Câmara, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) criou o Bolsa-Champanhe. Cada deputado, na data do aniversário, recebe de presente uma garrafa de Veuve Clicquot.

O PRESIDENTE do PMDB, Michel Temer (SP), se reuniu com os presidentes regionais do partido. Os ministros José Gomes Temporão, Hélio Costa, Reinhold Stephanes e Nelson Jobim foram muito criticados por não atenderem aos correligionários.

O DEPUTADO Índio da Costa (DEM-RJ) nem dorme mais, revirando documentos na busca de gastos comprometedores do governo federal. O esforço é para tentar animar a CPI Mista do Cartão Corporativo.

Na marra

O ministro Ubiratan Aguiar, do TCU, foi pressionado por parlamentares tucanos para passar, por baixo dos panos, dados sigilosos com os gastos do presidente Lula. Nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique, ele disse não.

Contrabando

O MEC enviou ao deputado Paulo Renato (PSDB-SP), ministro no governo FH, os dados de seus gastos com cartão corporativo. Junto, foram informações do primeiro ano da gestão Cristovam Buarque (PDT-DF). Ele mandou esses documentos de volta.