Título: Empresários vêem riscos á expansão
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 17/04/2008, Economia, p. 24
Para Fiesp, inflação está sob controle. Abdib pede corte de gasto público
Aguinaldo Novo
SÃO PAULO. A avaliação das principais entidades empresariais do país é que o aumento da Selic, que passou de 11,25% para 11,75% ao ano, não terá eficácia para combater os riscos de alta da inflação (que seria puxada pelo preço de commodities, não pelo consumo interno) e ainda coloca em risco a manutenção do atual ciclo de crescimento da economia. A decisão também foi criticada pelas centrais sindicais.
Em tom de galhofa, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou a foto do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima nas Olimpíadas de Atenas, quando foi interrompido por um manifestante que invadiu a pista. O brasileiro, que liderava a prova, chegou em terceiro lugar.
"Flagrante de mais uma ação preventiva da autoridade monetária para impedir o desempenho do atleta da economia brasileira no ranking mundial do crescimento", afirma a legenda da foto reproduzida pela Fiesp.
Paulinho: BC tem 'alergia à palavra crescimento'
Para o presidente da entidade, Paulo Skaf, a oferta de produtos é suficiente para impedir um descompasso com a alta do consumo:
- Demanda gera investimento, que gera produção, que gera crescimento. Este é o círculo virtuoso que desejamos para o Brasil. A inflação está sob controle, os fortes investimentos permitem que a oferta industrial atenda à evolução da demanda. Não há motivo para impedir o crescimento com aumento de juros de 0,5 ponto.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, a decisão do Banco Central gerou perplexidade. E o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, cobrou medidas alternativas à elevação da Selic, como a desoneração de investimentos e o corte de gastos públicos:
- Mais uma vez, a política de juros foi utilizada para combater suspiros inflacionários de qualquer natureza.
O movimento sindical fez eco às críticas dos empresários. Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o aumento da Selic representou uma "violência contra os trabalhadores e a economia do país". Na avaliação do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o BC tem "alergia à palavra crescimento".
- Elevar a taxa agora é uma piada de mau gosto. Jornal: O GLOBO Autor: Aguinaldo Novo Editoria: Economia Tamanho: 396 palavras Edição: 1 Página: 24 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno
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