Título: Justiça liberta o jornalista Cabrini
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 18/04/2008, O País, p. 8

Juíza diz que quantidade de droga apreendida com repórter não justifica prisão.

SÃO PAULO. O Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou o pedido de relaxamento de prisão e mandou soltar ontem o jornalista da Rede Record Roberto Cabrini. Ele foi preso na noite de terça-feira acusado por policiais de ter dez papelotes de cocaína em seu carro. Cabrini foi autuado por tráfico de drogas. A pedido de sua família, ele fez, na cadeia, exames de sangue que comprovariam que não consumiu cocaína. Por volta das 20h, Cabrini já havia deixado a carceragem e conversava com o delegado.

A juíza Maria Fernanda Belli argumentou: ¿Pela quantidade de substância entorpecente apreendida no veículo do indiciado, bem como as circunstâncias que nortearam a prisão (como, a forma como abordado e o local em que foi encontrada a substância) não sugerem, em princípio, a prática de condutas previstas no artigo 33 da lei 11.343, de 2006, daí porque de rigor o relaxamente da prisão¿.

Os advogados do jornalista apresentaram documento registrado, em 25 de janeiro de 2007, no 4º Cartório de Notas de Osasco, em que Nadir Domingos Dias diz que ele ¿foi obrigado a consumir droga¿ para se aproximar de integrantes da facção criminosa que investigava para reportagem. Ela estava com Cabrini quando ele foi preso. Segundo o repórter, o encontro era para que Nadir o ajudasse a recuperar DVDs com gravações de líderes da facção. Em depoimento, após a prisão, Nadir alegou que se encontrou com ele para entregar o material, mas que, horas antes, Cabrini comprara cocaína em outra favela. Disse que eles mantinham relacionamento amoroso. O repórter nega.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo distribuiu nota reforçando a tese de que o jornalista trabalhava em reportagem investigativa: ¿Os diretores do sindicato vêm a público afirmar que tinham conhecimento, por depoimentos de trabalhadores e diretores desta entidade que atuam na emissora, que o jornalista estava trabalhando há cerca de um ano em uma grande matéria investigativa sobre tráfico de drogas¿. O sindicato acrescenta que acredita na inocência de Cabrini e entende ser sua detenção um grande equívoco.