Título: CPI descobre despesa irregular de Gushiken com bebidas e refeições
Autor: Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 18/04/2008, O País, p. 11

Funcionária sacava com cartão corporativo para ressarcir ex-ministro.

BRASÍLIA. A CPI do Cartão Corporativo começa a abrir os gastos da Presidência. Uma das mais de 1.200 caixas empilhadas na sala-cofre da CPI revela despesas irregulares do ex-ministro Luiz Gushiken, um dos homens fortes do primeiro mandato do governo Lula. Os gastos eram bancados pelo uso de cartões corporativos para saques em dinheiro. Notas fiscais de restaurantes e hotéis em nome do petista mostram o uso de recursos públicos para comprar bebidas alcoólicas e pagar refeições a terceiros, o que é considerado desvio de verbas pela Controladoria Geral da União (CGU).

Gushiken pagava suas despesas com o cartão de crédito pessoal e depois pedia ressarcimento aos cofres da União. O dinheiro era entregue pela ecônoma Maria da Penha Pires, subordinada do petista na antiga Secretaria de Comunicação (Secom).

Papéis em poder da CPI mostram que, para cobrir os gastos, ela usava seu cartão corporativo para fazer sucessivos saques em dinheiro no valor de R$1.000, máximo permitido pelos caixas eletrônicos do Banco do Brasil. Assim, os únicos registros que vinculavam a movimentação financeira ao petista eram depositados no arquivo morto da Casa Civil. Gushiken não retornou os recados deixados pelo GLOBO, assim como seu advogado, Marcos Perez. A Casa Civil informou que não faria comentários.

Em viagens, Gushiken chegava a gastar mais com refeições e bebidas do que com hospedagem. Em abril de 2004, pagou R$470 por duas diárias no Grand Hotel Cad"Oro (SP). Despesas no restaurante e no bar executivo do hotel somam R$732,80. Após chegar ao hotel, na noite de 8 de abril, ele pagou R$153,80 por um jantar aparentemente solitário. Desse valor, R$85 foram gastos numa garrafa do vinho italiano Chianti Vernaiolo. O menu incluiu couvert, rabada ao vinho e crostata de maçã. No dia seguinte, pediu café completo no quarto e gastou R$347,90 num almoço, cuja nota inclui cinco pratos principais. O jantar, de quatro pratos, foi R$231,10. O deputado Índio da Costa (DEM-RJ), que identificou os gastos, acredita que novas irregularidades aparecerão.