Título: Centrais farão ato por mudança na Previdência
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/04/2008, O País, p. 13

Fim do fator previdenciário e extensão do reajuste do mínimo a todos os aposentados serão bandeira no 1º de Maio.

BRASÍLIA. As principais centrais sindicais do país começaram a mobilizar trabalhadores e aposentados para aprovar na Câmara duas propostas já aprovadas no Senado que põem em risco o controle do déficit na Previdência: o fim do fator previdenciário, que restringe aposentadorias precoces, e a proposta de estender o aumento do salário mínimo a todas as faixas de aposentadorias pagas pelo INSS. Ontem, dirigentes das centrais se reuniram com o senador Paulo Paim (PT-RS), autor das duas propostas, e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

A estratégia é pressionar o governo a negociar. Os sindicalistas adiantaram que o tema estará na agenda das comemorações do Primeiro de Maio. A idéia é iniciar um calendário de eventos, culminando num encontro no dia 14, na Câmara dos Deputados. E o movimento conta com apoio dos petistas.

- Vamos colocar a questão no calendário - disse o senador Paim.

Na mesma linha, a CUT divulgou nota em que o presidente da entidade, Artur Henriques, apóia as propostas.

- Essa é uma proposta da CUT. Nossa posição foi sempre contra o fator previdenciário, essa criação tucana que penaliza os trabalhadores. A notícia de que o Senado aprovou o fim do fator é motivo de alegria - disse Henriques, em audiência pública no Senado, comandada por Paim, segundo informe da entidade.

Ele também defende estender o aumento do mínimo a todas as aposentadorias. Hoje, recebem o aumento do mínimo aqueles que ganham benefícios do INSS no valor do piso. Acima disso, é dado um reajuste com base na inflação. Em 2008, o mínimo e os benefícios no mesmo valor foram reajustados em 9,21% (variação da inflação mais a variação do PIB). Os benefícios acima do mínimo ganharam 5%.

- Dizem que vai quebrar a Previdência. O que não dá é reduzir o valor dos aposentados que ganham mais do que o mínimo - disse Henriques.

Dirigentes das centrais estiveram na Comissão de Direitos Humanos do Senado, comandada por Paim. Além da Força e da CUT, estiveram Francisco Canindé Pegado, da Única dos Trabalhadores, entre outros.