Título: Financeiras devem repassar alta
Autor: Duarte, Patrícia; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 18/04/2008, Economia, p. 25

Redes de varejo afirmam que não mudarão taxa no crediário.

SÃO PAULO e RIO. As financeiras devem repassar para o consumidor a alta de 0,5 ponto percentual nos juros básicos da economia (Taxa Selic), segundo o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Érico Ferreira. A expectativa de especialistas é que o repasse seja feito nos próximos dias.

Mais do que a Selic, são os juros projetados nos contratos negociados no mercado futuro (em que os investidores apostam em uma taxa em uma determinada data) que definem as taxas cobradas no varejo. E esses contratos passaram ontem por forte ajuste na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), refletindo a alta na véspera da Selic. O Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho deste ano, o mais procurado, subiu de 11,66% para 11,82%.

Mesmo antes da decisão do Banco Central de elevar a Selic, os juros no mercado futuro já subiram. Entre as razões para isso, estavam mudanças no IOF, o recrudescimento da crise financeira nos EUA e as indicações de que a taxa básica de juros poderia ser reajustada em algum momento.

O efeito no varejo não demorou a chegar. Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que, depois de cair de 7,35% para 7,18% entre março e dezembro de 2007, a taxa média mensal cobrada por bancos, financeiras e lojas chegou a 7,28% em março, maior patamar desde junho de 2007 (7,32%).

No varejo, a alta da Selic ainda não trouxe alterações no parcelamento. Casas Bahia e Comprafacil.com (do Grupo Hermes) não pretendem alterar o crediário, reduzir prazos ou aumentar os juros cobrados. Na Casa&Video, "a princípio não haverá mudanças significativas no crediário que impactem o consumidor".