Título: Chuvas castigam oito estados
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Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2009, Brasil, p. 10

Temporais atingem 190 municípios do Norte e Nordeste e forçam 180 mil a deixarem suas casas. Lula anuncia ajuda de R$ 42 milhões após visitar o Piauí e o Maranhão. Em Salvador, deslizamento mata três

Lula sobrevoa área alagada da capital do Piauí: estado terá ajuda de R$ 26 milhões O Norte e o Nordeste do Brasil estão debaixo d¿água. Ao todo, 190 cidades em oito estados sofrem com as chuvas, que já fizeram pelo menos 180 mil pessoas deixarem suas casas. Há 640 mil atingidos de alguma forma pelas tempestades. Segundo balanço da Secretaria Nacional de Defesa Civil, cerca de 70 mil estão totalmente desabrigados e dependem de abrigos públicos para não ficar na rua. A situação é mais grave no Maranhão, Piauí, Amazonas e Pará. Mas há cidades em emergência também no Rio Grande do Norte, Acre, Bahia e Paraíba. Dezenas de rodovias estão interditadas, como a BR-316, principal ligação entre as duas regiões. Ceará, Maranhão e Bahia contabilizam, juntos, 18 mortes.

A situação levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar ontem o Maranhão e o Piauí, estado com o maior número de pessoas sem lugar para ficar. No total, 22 cidades estão em emergência, com 8.090 famílias desabrigadas no interior e 2.007 em Teresina, sobrevoada ontem pelo presidente. O prefeito Silvio Mendes (PSDB) decretou ponto facultativo para os 15 mil servidores públicos e suspendeu, por 72 horas, as aulas em 301 escolas onde estudam 90 mil alunos. Na cidade, cerca de 500 famílias estão ilhadas e recebem alimentos por um helicóptero do Corpo de Bombeiros. O governador Wellington Dias (PT) também suspendeu as aulas em todas as escolas públicas estaduais.

Lula sobrevoou também cidades atingidas no Maranhão, onde mais de 120 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes em 41 municípios. Vinte e nove localidades estão em situação de emergência. Foi anunciada a liberação de R$ 26 milhões para o Piauí, em seis parcelas, e R$ 16 milhões para o Maranhão, em três repasses. Mas Lula também cobrou dos prefeitos a elaboração de planos diretores que ajudem a minimizar os efeitos das chuvas e o envio de projetos bem elaborados por parte dos estados e municípios para que as verbas possam ser liberadas. ¿O que facilita a liberação de recursos não é a emergência, e sim, o projeto¿, disse, ainda em Teresina.

Mortes A chuva parece não dar trégua. Ontem, a capital mais castigada foi Salvador, onde um deslizamento matou três homens. A terra desceu de um monte, no bairro periférico de Pirajá, e destruiu a casa na qual estavam as vítimas. Além disso, uma mulher e seu filho de 6 anos caíram em uma vala, na Avenida San Martin, e foram levados pela forte correnteza do córrego que passa pelo local. Eles estão desaparecidos. O Corpo de Bombeiros faz buscas na região.

O temporal, que atinge a capital baiana desde sábado, ficou mais forte entre a madrugada e o começo da tarde, causando uma série de transtornos. A Defesa Civil registrou pouco mais de 180 ocorrências, incluindo alagamentos, deslizamentos de terra e desabamentos de imóveis. No Shopping Iguatemi, o mais movimentado da cidade, um pedaço do forro de gesso do teto não resistiu a uma infiltração e caiu. Ninguém ficou ferido. No Aeroporto Internacional de Salvador, 14 voos tiveram de ser cancelados. Além disso, assaltantes aproveitaram os engarrafamentos para roubar os motoristas.

A situação é grave também no Ceará e no Pará, onde os rios transbordam e inundam as cidades. No Ceará, o número de pessoas afetadas pelas enchentes chega a 165.930, segundo a Defesa Civil. Dos 184 municípios do estado, as cheias atingem 59. Foram confirmadas sete mortes e 111 feridos. Há 15.307 desalojados, que estão em casas de parentes e amigos, e 11.065 desabrigados. Ainda de acordo com órgão, 506 casas foram destruídas e outras 4.021 danificadas. De segunda para terça-feira, choveu em 134 municípios.

SOS MARANHÃO O GDF iniciou uma campanha de arrecadação de donativos para as vítimas das chuvas no Maranhão, sob coordenação da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus). Pontos de coleta de roupas, alimentos e medicamentos já foram criados em postos de gasolina no Paranoá. Nos próximos dias, outros serão instalados em shoppings, agências dos Correios, administrações regionais, delegacias e restaurantes da cidade.