Título: Mudança poderia gerar calote da dívida
Autor: Aggege, Soraya; Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 22/04/2008, O Mundo, p. 21

Presidente da hidrelétrica diz que ao fim do contrato Paraguai terá `uma casa da moeda¿.

SÃO PAULO. O presidente da Hidrelétrica de Itaipu, Jorge Samek, disse ontem que o tratado entre o Brasil e o Paraguai para a construção do complexo foi justo, feito em ¿época de paz¿ e beneficia diretamente os dois países. Assim como o presidente Lula, Samek não concorda com a possibilidade de revisão do contrato, como prega o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e diz que alterações nesse sentido terminariam em calote na dívida de US$19 bilhões com organismos internacionais.

¿ O tratado passou pelo aval dos dois congressos, feito em época de paz e de maneira muito justa. Diferentemente do que aconteceu com a questão do gás, quando o acordo entre a Bolívia e o Brasil passou apenas pelas mãos dos dois presidentes da época ¿ disse Samek, que emendou: ¿ O empréstimo (US$100 milhões) que Itaipu conseguiu foi porque havia compromisso de o contrato ser mantido nos primeiros 50 anos.

Presidente de Comissão de Relações Exteriores da Câmara apóia Lula

Assinado em 1973, o acordo vai até 2023. Samek acredita que a dívida será paga um ano antes do fim do contrato. Segundo ele, Itaipu tem servido para ajudar ao desenvolvimento do Paraguai, o preço pago pela energia é igual para os dois países, e há desinformação sobre valores repassados. O presidente da Itaipu rebate com números as investidas de Lugo contra a empresa:

¿ O Brasil paga US$39 por megawatz, mais US$2,80 (de cessão de energia). O que são esses US$39? É para pagar a usina, que é metade do Brasil e metade do Paraguai. Trata-se de um investimento que vale hoje US$60 bilhões, US$30 bilhões para cada. O PIB do Paraguai é de US$10 bilhões, o que significa que estão pagando pelo empreendimento que é três vezes maior que o PIB deles. Quando terminar de pagar a dívida em 2022, vão sentar sobre uma casa da moeda.

Se depender dos parlamentares da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deve prevalecer a posição do presidente Lula.

¿ Os termos do tratado são generosos. Eles não entraram com tostão, e não contribuem com o serviço da dívida ¿ disse o presidente da Comissão, deputado Marcondes Gadelha.

COLABOROU Luiza Damé, de Brasília