Título: Opep não dá mais sinais de que vai aumentar oferta do produto
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 21/04/2008, Economia, p. 13

ROMA. Apesar de os preços do petróleo estarem próximos de US$117 o barril, não há sinais de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentará sua oferta para conter a escalada. Ao participar da primeira jornada do 11º Fórum Internacional da Energia (IEF), em Roma, o secretário-geral do cartel, Abdalla Salem El-Badri, disse que a alta do petróleo não está relacionada à falta de produtos, mas a outros fatores, como a especulação impulsionada pelo enfraquecimento do dólar.

¿ Enquanto esses fatores continuarem afetando o mercado, é possível que o preço continue subindo ¿ declarou.

Para o ministro de Petróleo da Arábia Saudita (país com o maior volume de exportações do mundo), Ali al Naimi, não existe necessidade de o cartel aumentar sua produção neste momento.

O fórum reúne ministros de mais de 60 países, representantes de 14 organizações internacionais e de 30 companhias de petróleo e gás. Atualmente, a oferta da Opep está em 32 milhões de barris diários, apesar de reiterados pedidos de Estados Unidos e Reino Unido para que a organização eleve sua oferta.

Para o diretor-executivo da Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer, o crescimento da demanda por energia será tão rápido que não será possível suprir essa necessidade apenas com projetos mais velozes de exploração de petróleo e gás. Para ele, serão necessárias todas as alternativas de energia.

¿ Não é questão de escolha, se utilizaremos carvão, petróleo ou energia nuclear. O mundo precisará de tudo, incluindo biocombustíveis.

A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que, até 2030, a demanda mundial de energia aumentará 100%. Ao participar do fórum, o diretor-executivo da agência, Nobuo Tanaka, defendeu a redução do uso de combustíveis fósseis e pediu que os países façam grandes investimentos para realizar um ¿revolução energética¿. Segundo ele, apenas na captura e no armazenamento de carbono, o mundo precisaria construir 20 unidades de processamento até 2020, com um custo estimado de US$1,5 bilhão para cada uma.

Tanaka também disse que a AIE apóia o desenvolvimento de biocombustíveis, especialmente os de segunda geração ¿ que não são elaborados a partir de itens usados na alimentação, como o milho e a soja.

¿ São uma iniciativa muito importante para reduzir as emissões de CO ¿ disse.

Já o vice-ministro do Qatar, Abdulá Bin Hamad Al-Attiyah, afirmou que está preocupado com a escassez global de alimentos, provocada ¿pela colheita voltada para a produção de combustíveis alternativos¿.

LAMY: RODADA DE DOHA PODE AVANÇAR NAS PRÓXIMAS SEMANAS, na página 14 Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: Economia Tamanho: 448 palavras Edição: 2 Página: 13 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno

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