Título: Reforma agrária segue ritmo lento no Pará
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 20/04/2008, O País, p. 18

Governos não conseguem resolver conflitos em área que concentra maiores jazidas de ferro, cobre e níquel do país.

PARAUAPEBAS (PA). O rico sudeste paraense ¿ que detém em seu subsolo as maiores jazidas de ferro, cobre e níquel do país, na maior província mineral do Planeta, a de Carajás ¿ há décadas é o palco dos maiores conflitos agrários por uma razão simples: entra governo, sai governo, e não se faz reforma agrária na região.

¿ Em 2007 o governo Lula não fez uma única desapropriação de terra aqui na região ¿ afirma frei Henry dês Roziers, 78 anos, advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Xinguara, há mais de uma década na lista dos ameaçados de morte na Amazônia.

Frei Henry, que anda sob proteção de dois policiais militares desde o assassinato da missionária Dorothy Stang, em Anapu, em fevereiro de 2005, acompanhou passo a passo as ações do MST no 17 de abril, no 12º ano do massacre de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás. Ele prevê o recrudescimento da luta pela reforma agrária nas regiões sul e sudeste do Pará, onde tem aumentado os acampamentos de trabalhadores sem um lote de terra para trabalhar.

A ausência da reforma agrária acirra os ânimos entre as partes em conflito: o MST incentiva a invasão de propriedades produtivas, os fazendeiros recorrem à Justiça e, na maioria das vezes, conseguem mandados de reintegração de posse, que quase nunca são cumpridos porque, no caso do Pará, a governadora Ana Júlia Carepa (PT), tem se recusado a pôr a Polícia Militar do estado para dar proteção aos oficiais de justiça nas ações de despejo.