Título: México tenta voltar à rotina
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 07/05/2009, Mundo, p. 30

Aos poucos, a Cidade do México volta a ter a agitação habitual. Depois de mais de 10 dias de ruas vazias por orientação do governo, os moradores voltaram a circular pela capital, a maioria com máscaras. O país, que pode ter perdido até US$ 2,2 bilhões neste período de alerta sanitário, ainda tem medo da gripe A, que contaminou 1.070 pessoas, mas sabe que não pode simplesmente parar. Ontem, foi a vez do metrô, dos restaurantes e de todo o serviço público retomarem as atividades normalmente. Hoje, museus, cinemas e academias poderão voltar a funcionar. O governo federal, no entanto, pediu que os cidadãos não subestimem a doença. O número de mortos pela epidemia no México pulou de 29 para 42 desde terça-feira.

¿O que devemos fazer é nos concentrar para que as atividades cotidianas sejam retomadas com as devidas precauções. Sei que a tendência a esquecer esse episódio é muito grande, mas não devemos fazê-lo. Devemos continuar com as medidas de higiene, limpeza e sanidade¿, afirmou o prefeito do Distrito Federal, Marcelo Ebrard Casaubon. Ele lembrou que há uma redução paulatina do risco de contágio pelo vírus da gripe A (H1N1), mas que isso só se manterá com o esforço de todos. De sua parte, o governo do DF investirá US$ 53,2 milhões na limpeza e manutenção de espaços públicos e em cerca de 2 mil escolas de ensino básico.

A operação de limpeza, inclusive, podia ser vista em diversos lugares da capital mexicana ontem. Durante grande parte do dia, equipes da Direção Geral de Serviços Urbanos do DF fizeram uma faxina geral no exterior das estações de metrô. A preocupação é de desinfetar principalmente os locais com os quais as pessoas têm mais contato, como os corrimãos e bancos. Os vagões receberam uma atenção especial. A Secretaria de Cultura também informou ao Correio que os museus da Cidade do México passaram por uma profunda limpeza para reabrir hoje com novas e antigas exposições. ¿A ordem é voltar à normalidade o quanto antes¿, revelou um dos funcionários.

Fim de férias Nos órgãos do governo, a rotina dos servidores, no entanto, não foi alterada. Com exceção da grande quantidade de trabalho, acumulada por conta do período de restrições. ¿É como se tívessemos voltado de férias, temos de esvaziar a caixa de e-mails lotada e dar conta do serviço que não foi feito¿, afirmou um assessor da Secretaria de Cultura. O secretário de governo, José Ángel Ávila Pérez, disse que os trabalhadores que voltam do ¿recesso¿ não precisaram passar por controle médico, mas terão de adotar todas as medidas de higiene pessoal.

Diante de uma aparente melhoria no quadro epidêmico, o presidente Felipe Calderón pediu à população que ¿não cante vitória ainda¿. Segundo o mandatário, novos casos certamente surgirão em estados onde até agora não foram registradas vítimas. Ele, contudo, afirmou que isso não deve alarmar a população, mas sim impulsioná-la a continuar com as medidas sanitárias indicadas. Em Zamora, Calderón comeu um prato tradicional de carne de porco frita e criticou a decisão do Haiti de recusar 70 toneladas de alimentos vindas do México. ¿Não é justo, não serve de nada impor medidas discriminatórias. Isso acontece por causa da desinformação. A ignorância leva a atitudes de intolerância.¿