Título: Sindicalistas resistem a argumentos
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 23/04/2008, O País, p. 5

Previdência diz que piso teve ganho real de 37,05% desde 2002

BRASÍLIA. Os argumentos do governo contrários ao reajustes das aposentadorias não devem convencer os sindicalistas. Os próprios dados da Previdência mostram uma grande diferença entre os ganhos de quem recebe o piso e acima dele. Para se ter uma idéia, em 2008, tanto o mínimo quanto o piso previdenciário foram reajustados em 9,21%. Já os benefícios acima do piso receberam 5% de reajuste, um pouco acima da inflação.

Segundo o governo, o piso previdenciário teve um ganho real (acima da inflação) de 37,05% entre 2003 e 2008, levando-se em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período, de 51,41%. Já os benefícios com valores acima do piso obtiveram um ganho real de apenas 0,89% no período. Se considerado o Índice de Preços ao Consumidor Aplicado (IPCA), o ganho real de quem recebe o piso previdenciário foi de 38,31%, entre 2003 e 2008, enquanto os benefícios superiores ao mínimo tiveram um ganho real de 2,86%.

Governo diz que poder de compra foi preservado

O discurso do governo é de que, com esses reajustes, o poder de compra do aposentado foi preservado. E sustenta que, para garantir uma política de valorização do salário mínimo, os reajustes dos benefícios têm que ser diferenciados, para não aumentar ainda mais o déficit da Previdência.

- Não é correto, não é verdade afirmar que as aposentadorias (acima do mínimo) perderam valor. Ao contrário - disse o secretário de Previdência Social do Ministério da Previdência, Helmut Schwarzer.

O esforço do governo é para rebater o discurso dos sindicalistas de que os benefícios acima do mínimo têm tido o valor "achatado" nos últimos anos, principalmente depois da adoção da nova política de reajuste do salário mínimo. Desde 2007, o mínimo é reajustado pela variação da inflação e do PIB.

Segundo Schwarzer, os aposentados que ganham acima do mínimo tiveram ganhos reais inclusive se comparados a reajustes de servidores públicos. Pelas contas do governo, a aprovação da proposta - dar a todos aposentados 9,2% e não 5% de reajuste este ano - geraria um rombo de R$4,5 bilhões em 12 meses e elevaria os gastos do INSS dos atuais 7,14% do PIB para 18,33% do PIB, em 2049. (Cristiane Jungblut)