Título: No casamento do pac, apoio a Dilma
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Fonte: O Globo, 19/04/2008, País, p. 13
PORTO ALEGRE. A corte da República foi gaúcha por uma noite. O presidente Lula, pelo menos dez ministros e oito governadores desembarcaram em Porto Alegre para o casamento da procuradora do trabalho Paula Araújo Rousseff, de 32 anos, com o administrador de empresas e estudante de direito Rafael Covolo, de 27. A primeira-dama, Marisa Letícia, não compareceu porque Lula embarcará direto da capital gaúcha para Gana.
A cerimônia, que seria discreta, a pedido da noiva, ganhou status de mega-evento, por causa do momento político vivido pela mãe da noiva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Foram destacados 300 policiais militares para o local, e a Rua Alberto Bins, onde fica a igreja, foi fechada ao trânsito. O clima na entrada tinhas ares de festa hollywoodiana, com equipes de televisão, inclusive comediantes fantasiados de presidente e primeira-dama.
Um dos que chamou mais atenção foi o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), acompanhado da também deputada e namorada, Manuela d`Ávila (PCdoB-RS). Ela vestia um longo verde-claro. Antes das 21h, já tinham chegado os ministros da Justiça, Tarso Genro, do Planejamento, Paulo Bernardo, do Turismo, Marta Suplicy, e políticos como o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB) e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Bernardo disse que não foi ao casamento para apoiar politicamente Dilma Rousseff, que usou um vestido azul-petróleo:
¿ É uma festa de gala, nunca ouvi falar de alguém que vá a casamentos por solidariedade.
Já Tarso Genro passou correndo. Disse apenas que é amigo de Dilma há 34 anos. Sérgio Cabral, chegou acompanhado da primeira-dama Adriana Ancelmo.
¿ Vim dar um abraço na amiga Dilma. Ela não precisa de desagravo algum nesse momento. Acho que já ficou claro no país a importância da ministra. Sou pai de cinco filhos, sei que ela deve estar passando por uma emoção muito grande ¿ disse.
A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, foi vaiada na entrada da igreja. Ela disse que veio apoiar a ministra por causa da ¿autoridade federal que representa¿. Assim como Cabral, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou, perto das dezenas de curiosos, que Dilma não precisa de desagravo no momento.
O cuidado com o vazamento de informações, no entanto, foi mantido: as empresas contratadas para organizar a festa e para decorar a igreja assinaram uma cláusula de sigilo, que desobrigava os noivos do pagamento dos serviços, caso fossem fornecidas informações sobre o casamento. Os convidados foram proibidos de entrar com câmeras fotográficas.
O Centro da cidade parou para a cerimônia, realizada na Igreja São José, na Avenida Alberto Bins. Desde as 6h da manhã de ontem, o estacionamento estava proibindo nos dois lados da rua, perímetro conhecido como `área azul` . A área, desde cedo estava ocupada por soldados da Brigada Militar, seguranças da Presidência da República, Polícia Rodoviária Federal e agentes do trânsito. O tráfego foi interrompido em um trecho da Alberto Bins, às 17h. Cada vez que uma autoridade chegava para se hospedar no hotel Plaza, a rua era fechada, e o trânsito desviado.
Na festa, na Associação Leopoldina Juvenil, tradicional clube da capital gaúcha, no bairro Moinhos de Vento, a cor vermelha foi o tom escolhido para as rosas que enfeitaram os imponentes salões Leopoldina e Imperatriz, fechados para a comemoração. A decoração, nas mãos de Sebastião Coelho, levou ainda castiçais com pingentes de cristais para os salões do clube.
O silêncio sobre os preparativos para a festa não impediu que organizadores de celebrações semelhantes especulassem o custo: cerca de R$200 por convidado. Entre a festa e a igreja, a estimativa é que a família tenha gasto R$200 mil.
O cardápio, feito pelo chef Cláudio Solano, incluiu Camarões à Imperatriz, de entrada, filé ao molho de trufas como prato principal e gateau de doce de leite com sorvete de creme de sobremesa. Na mesa de doces, feita por Lúcia Suñe, estavam incluídos os bem-casados.
Além do presidente, autoridades usaram o Aerolula para chegar ao casório. Entre eles, Franklin Martins, Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia.