Título: Amorim: Doha tem de avançar até junho
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Fonte: O Globo, 23/04/2008, Economia, p. 20

ACRA (Gana) e BUENOS AIRES. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, está preocupado com o pouco tempo que a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem para concluir as negociações da Rodada de Doha, que já duram sete anos. Após reunião com o secretário-geral da OMC, Pascal Lamy, em Acra, capital de Gana, Amorim disse considerar muito difícil um acordo caso as negociações avancem para o segundo semestre. Já Lamy acredita na possibilidade de um acordo sobre comércio global até o fim de maio.

¿ Lamy está um pouco otimista. Eu também estou, mas acho que existe um caminho a percorrer ¿ afirmou Amorim.

O ideal, segundo ele, é concluir o quanto antes um acordo sobre tarifas e subsídios agrícolas, para que uma rodada final de negociações ocorra bem antes das eleições presidenciais dos EUA, em novembro.

O chanceler não acredita que o resultado das eleições possa interferir na atual etapa das negociações, mesmo que os democratas saiam vitoriosos. Para Amorim, se o acordo for fechado até o fim do ano, dificilmente será modificado.

Perguntado se seria firmado um acordo menos detalhado, para permitir o fechamento da rodada neste semestre, Amorim disse que não se pretende fechar um pacto apressado. Segundo ele, qualquer que seja o formato, tem que haver uma percepção clara de ganho por parte dos países em desenvolvimento.

Em Buenos Aires, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, reuniu-se com autoridades argentinas para avançar na negociação sobre o novo regime automotivo entre Brasil e Argentina, que entrará em vigência no dia 30 de junho, quando vence o acordo atual. Ramalho antecipou que o novo regime terá vigência de cinco anos. Após esse prazo, o comércio será liberado. Haverá ainda compromissos de investimentos brasileiros no setor de autopeças argentino.

Hoje, o secretário aproveitará a visita para conversar com seus colegas argentinos sobre as exportações de trigo para o mercado brasileiro, prejudicadas pela disputa entre a Casa Rosada e os produtores agropecuários do país.

¿ Temos de saber se vão reabrir ou não as exportações, porque se não reabrirem, teremos de importar de outros países. O que não podemos é não ter trigo, porque esse produto influencia os índices de inflação ¿ enfatizou Ramalho.

COLABOROU Janaína Figueiredo, correspondente Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: Economia Tamanho: 412 palavras Edição: 1 Página: 20 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno

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