Título: Bachelet defende política de defesa sul-americana
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Fonte: O Globo, 23/04/2008, O Mundo, p. 26

Para presidente do Chile, Haiti mostra potencial de trabalho conjunto

PUERTO VARAS, Chile. A presidente do Chile, Michelle Bachelet, defendeu ontem que os países da América do Sul tenham uma política comum de defesa. A proposta foi feita durante um encontro de chefes das Forças Armadas dos países que integram o Mercosul ou são associados à organização, em Puerto Varas, no Chile.

Bachelet foi ministra da Defesa de seu antecessor na Presidência do Chile, Ricardo Lagos, e é filha de um brigadeiro da Força Aérea. Ela usou sua experiência no cargo para convidar os líderes militares sul-americanos a estudar a criação de um sistema unificado na região.

- Permitam-me que eu vista a camisa, como ex-ministra da Defesa que sou - afirmou a presidente chilena. - Gostaria de convidá-los para que possamos ir mais além, para que possamos pensar juntos, governos e Forças Armadas, numa política comum de segurança e defesa entre um número cada vez maior de países da região.

A presidente chilena fez a proposta no primeiro dia de reunião de três dias dos chefes das Forças Armadas de Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela. O único ausente foi o Paraguai, cuja ausência foi justificada pela cúpula devido às eleições presidenciais no país.

América Latina poderia ser exemplo para o mundo

Segundo Bachelet, não seria difícil conseguir criar uma política conjunta de segurança, pois os países da região já teriam demonstrado trabalhar bem juntos em missões de paz, como a atual no Haiti, liderada pelo Brasil.

- É possível (a implantação de uma política comum de defesa) se deixarmos de lado qualquer consideração de desconfiança, como conseguimos quando vamos trabalhar num terceiro país que está em conflito, como é o caso de nossos irmãos do Haiti - disse a presidente. - Me parece que aqui na América Latina temos a oportunidade de mostrar ao mundo que nossas Forças Armadas podem ser um instrumento de paz e de cooperação em benefício dos nossos próprios povos, e creio que, neste sentido, podemos liderar esta tarefa.