Título: Dólar sobe após 4 quedas seguidas
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 19/04/2008, Economia, p. 24

Moeda fecha a R$1,67. Na semana, acumula desvalorização de 1,24%

O dólar comercial teve um dia de ajuste ontem e fechou em alta de 0,78%, a R$1,67, com empresas aproveitando o movimento de queda recente da moeda para comprá-la. Foram quatro dias consecutivos de desvalorização, acumulando queda de 1,24% na semana. Segundo operadores, a alta de ontem foi favorecida pela remessa ao exterior de US$500 milhões de uma siderúrgica.

Outro motivo foi a queda da cotação das commodities no mercado internacional, com os investidores se desfazendo de suas posições para embolsar os ganhos recentes e voltando a investir no dólar. Também contribuíram as especulações de que o governo poderia aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações cambiais, disse Mário Paiva, da Liquidez.

A tirar pelo humor da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na semana, no entanto, o clima era de que "o pior já passou". Isso porque o principal indicador da Bolsa, o Ibovespa, teve praticamente uma semana inteira de alta, com queda só na segunda-feira. Ontem, o índice voltou a ultrapassar os 65 mil pontos na máxima do dia, com 1,28% de alta, mas encerrou com valorização de 0,56%, aos 64.922 pontos. Na semana, subiu 3,73%.

Embora ontem o Citigroup tenha informado um prejuízo de US$5,1 bilhões no primeiro trimestre, a leitura dos investidores foi de que os US$6 bilhões em baixas contábeis - devido aos créditos de hipotecas de alto risco (subprime) - representaram uma limpeza no balanço, disse Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Ágora.

Agência japonesa R&I dá grau de investimento ao Brasil

Além disso, os lucros do Google, na véspera, e da fabricante de máquinas Caterpillar, ontem, vieram acima das expectativas. Em Nova York, o Dow Jones subiu 1,81% e o Nasdaq, 2,61%.

Ontem, Bovespa Holding (controladora da Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) informaram em comunicado que seus conselhos de administração aprovaram no dia 17 a fusão das bolsas, que será submetida a assembléias de acionistas em 8 de maio.

A classificadora de risco japonesa R&I se antecipou ontem a grandes agências, como Moody"s, S&P e Fitch, e concedeu grau de investimento ao Brasil, nota que indica baixíssimo risco de calote. A R&I disse que o Brasil elevou a capacidade de enfrentar a desaceleração global e a turbulência dos mercados financeiros. Para economistas, a agência não tem relevância nem influência sobre as gigantes. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que a decisão é um reconhecimento da solidez da política econômica.