Título: Carne, a nova vilã da inflação
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 24/04/2008, Economia, p. 25

Demanda forte puxa receita de supermercados, cujos preços subiram 14%

RIO e SÃO PAULO. As altas que já se anunciavam no atacado começam a ganhar os açougues dos supermercados. O preço da carne subiu 0,52% nos 30 dias encerrados em 22 de abril, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas. O índice, que subira 0,76% na medição anterior, avançou 0,81% na semana, e a culpa é novamente da alimentação. É a sétima alta consecutiva. A novidade é a presença das carnes no grupo de altas.

- Já estávamos esperando essa elevação no varejo, diante da pressão no atacado. Alguns cortes já estão subindo enquanto outros estão caindo menos. O IPC-S deve fechar abril mais perto de 0,9% - disse Paulo Picchetti, coordenador do IPC Brasil.

As carnes se unem às massas e farinhas (1,64%) e frutas (5,08%), já presentes no grupo de produtos mais caros. Segundo Picchetti, apenas cinco alimentos explicaram metade do índice de 0,81%: tomate, mamão, pão francês, leite longa vida e cebola.

Nos supermercados, a forte demanda interna puxou a alta de 15,38% no faturamento no primeiro trimestre, frente ao mesmo período de 2007, segundo balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em termos reais, descontada a inflação medida pelo IPCA, a alta foi de 10,26%. Os dados indicam ainda o avanço nos preços pagos pelos consumidores.

O Índice AbrasMercado, que mede o comportamento do preço médio de uma cesta com os 35 produtos mais consumidos, entre alimentos e produtos de limpeza e higiene, teve alta de 0,36% em março sobre fevereiro. Frente ao mesmo mês de 2007, o aumento nominal foi de 14,76%, e o real, de 9,58%. Segundo o presidente da Abras, Sussumo Honda, as altas no atacado, particularmente de trigo e arroz, devem chegar ao varejo em breve. (Cássia Almeida e Ronaldo D"Ercole)