Título: Brasil vai monitorar ônibus
Autor: Couto, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2009, Mundo, p. 19

Anvisa decide que controle da entrada do vírus H1N1 no país também será feito em passageiros que cruzam a fronteira por terra. Resolução autoriza o começo da fabricação de vacina contra a doença

Os passageiros de ônibus vindos de outros países que cruzarem a fronteira brasileira serão monitorados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para evitar a entrada do influenza H1N1. Quem apresentar alguns sintomas ¿ febre acima dos 38º, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações e dificuldade respiratória ¿ do novo tipo de gripe será encaminhado para um serviço médico especializado e, se necessário, deverá procurar algum dos 52 hospitais especializados de tratamento espalhados em todos os estados. A regra, que já era adotada pelos aeroportos e portos que recebem viajantes de outros países, também passou a vigorar desde ontem em alguns terminais rodoviários com linhas internacionais.

Umas das preocupações da autarquia federal é com a Colômbia, país que confirmou um caso da doença e faz fronteira terrestre com o Brasil. Ontem à tarde, o Gabinete Permanente de Emergências, que realiza reuniões diárias na sede do Ministério da Saúde, divulgou que já são 28 os casos suspeitos no país, ante 25 informados anteontem.

¿Qualquer viajante vindo de outro país que entrar no Brasil, por via terrestre, também será fiscalizado. Como já existe um caso confirmado na Colômbia, decidimos intensificar o monitoramento nos ônibus com linhas internacionais¿, afirmou Dirceu Raposo, diretor-presidente da Anvisa, após participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada ontem, que discutiu as ações preventivas contra o influenza H1N1, mais conhecido como gripe suína.

Questionado sobre a possibilidade de o Brasil proibir o embarque de pessoas com alguns sintomas do novo vírus, José Agenor Álvares, também diretor da Anvisa, disse que a autarquia pode restringir a viagem de passageiros considerados suspeitos. ¿Dependendo do caso, a Anvisa tem autoridade para impedir o embarque do passageiro. Se o médico ou a unidade de referência decidir que ele não deve embarcar, podemos intervir¿, confirmou.

Além de informar o monitoramento nas linhas de ônibus internacionais, o presidente da Anvisa destacou que a agência reguladora aprovou ontem uma resolução para a produção de vacina contra o vírus influenza H1N1 no país. O texto, que será publicado na edição do Diário Oficial da União de amanhã, autoriza previamente a fabricação, distribuição e comercialização de vacina contra o novo tipo de gripe desde que atendidos alguns requisitos, dentre os quais que os fabricantes já devem possuir registro de vacina contra influenza e estarem devidamente autorizados pela autarquia. O Brasil, segundo a Anvisa, possui sete laboratórios com tecnologia para produzir vacinas contra o H1N1.

Kits de diagnóstico Previstos para chegarem ontem ao Brasil, os kits com os reagentes e amostras para o diagnóstico do vírus influenza H1N1 devem aterrissar a qualquer momento no país, vindos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de Atlanta, nos Estados Unidos. As esquipes da Anvisa, segundo José Agenor, já estão em alerta nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, ambos no estado de São Paulo, para o recebimento do material. Com os reagentes e amostras, o resultado do exame fica pronto em no máximo três dias. Atualmente, o diagnóstico disponível nos laboratórios do país, feito pelo método de exclusão, admite a confirmação da doença no prazo de 10 a 15 dias.