Título: Mantega: Aqui não há divergência
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 24/04/2008, Economia, p. 29

Ministro afirma que governo não estuda aumentar IOF para estrangeiros

BRASÍLIA. Em sua primeira declaração após o aumento dos juros pelo Banco Central (BC), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez questão de manter uma postura diplomática e negou ontem que haja alguma divergência na equipe econômica. Embora defenda que a inflação está sob controle e que não havia necessidade de elevação das taxas, Mantega afirmou:

- Aqui não há nenhuma divergência. Cada um faz o seu trabalho. O Banco Central cuida da inflação e nós cuidamos da parte fiscal. Com isso, o Brasil está indo muito bem.

Apesar de demonstrar, nos bastidores do governo, preocupação com o efeitos da alta dos juros sobre o câmbio, Mantega negou que o governo esteja estudando mais um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros que aplicam em títulos da dívida pública. Essa seria uma forma de tentar conter a entrada de dólares no país, evitando, assim, uma maior valorização do real.

- Não há nenhum estudo sobre IOF em curso no Ministério da Fazenda.

Dentro do próprio ministério, há uma avaliação de que a cobrança de uma alíquota de 1,5% de IOF para os investimentos estrangeiros - implementada no início de março - não teve efeito sobre a taxa de câmbio. Isso porque o grande fluxo de dólares para o Brasil não é principalmente para títulos públicos, mas para investimentos diretos e em Bolsa de Valores.

- Aumentar novamente o IOF seria errado e não iria resolver nada. O Brasil tem vocação para receber investimentos estrangeiros - avaliou um técnico da área econômica.

Mantega também afirmou que o contingenciamento de quase R$20 bilhões no orçamento vai permitir que o governo execute bem os seus gastos e ainda cumpra a meta de superávit primário (economia para pagamento de juros) acertada com o Congresso para este ano, de R$62,4 bilhões, ou 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

- Defendi um corte de R$20 bilhões e é exatamente isso que está sendo posto em vigor.