Título: Presos vice-prefeito e vereador por fraude ao INSS
Autor:
Fonte: O Globo, 25/04/2008, O País, p. 5

Deputado estadual, perito licenciado é acusado pela PF de chefiar quadrilha no Espírito Santo; foram detidos 48

VITÓRIA. Quarenta e oito pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal na Operação Auxílio-Sufrágio, que investiga fraudes contra a Previdência no Espírito Santo. Entre os detidos estão um vereador e o vice-prefeito de uma cidade do interior. Segundo a polícia, a quadrilha é comandada pelo deputado estadual Wolmar Campostrini (PDT-ES), médico perito licenciado da Previdência Social que, por meio de assessores, parentes, empregados, despachantes e servidores públicos, orientaria a concessão dos benefícios fraudulentos. Segundo a polícia, o esquema funcionava desde 2003 e pode ter desviado R$5 milhões nos últimos seis meses.

De manhã, policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência, na clínica e no gabinete do deputado, onde foram recolhidos seis HDs (dispositivo de computador que armazena dados) e documentos. De acordo com a PF, pacientes procuravam a clínica de Campostrini em busca de atendimento médico e, após a consulta, recebiam dele um prontuário que deveria ser entregue ao INSS. O parlamentar faria então a intermediação junto a peritos conhecidos, envolvidos no esquema, e o benefício era concedido. Em troca, o paciente tornava-se cabo eleitoral do deputado, afirma a PF.

Não há mandado de prisão contra o parlamentar. De manhã, Campostrini que desconhecia qualquer acusação, mas que estava assustado porque um funcionário dele foi preso:

- A gente dá emprego a uma pessoa, mas não sabe o que ela está fazendo. Eu estou assustado, mas despreocupado, pois tenho minha consciência limpa. Não há mandado de prisão contra a minha pessoa, apenas apreensão de documentos.

Entre os presos há dez funcionários do INSS - cinco do setor administrativo do INSS e cinco médicos peritos de Vila Velha e Cariacica -, o vice-prefeito de um município do Espírito Santo, um vereador, assessores parlamentares de Campostrini, despachantes, além de médicos e funcionários de clínicas particulares. A polícia não divulgou o nome dos presos.

Foram expedidos 50 mandados de prisão e 59 de busca e apreensão. A operação foi batizada de Auxílio-Sufrágio por causa dos indícios de aproveitamento político-eleitoral.

Na segunda-feira chegam ao Espírito Santo três médicos peritos para analisar 300 processos de perícia que podem ter sido fraudados. Segundo a PF, Jader Lucas, se for constatada fraude nos documentos, todos os beneficiários identificados poderão ser indiciados.

Da Gazeta Online