Título: PT pede a Marta que assuma logo candidatura
Autor: Lima, Maria; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 25/04/2008, O País, p. 9

Temor é que indefinição dificulte apoios à eleição para a prefeitura de SP

BRASÍLIA. Depois de ter perdido o apoio do PMDB, que apoiará a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), ouviu ontem um apelo de 33 petistas - incluindo deputados federais, estaduais, vereadores e os senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy - para que assuma logo sua candidatura a prefeita de São Paulo. O PT teme que o quadro de indefinição afaste outros aliados potenciais, especialmente o PR, que já teria sinalizado que só fechará aliança se Marta for a candidata e se puder indicar o vice da chapa. Os petistas também querem investir na aproximação com o bloco PCdoB, PSB e PDT.

Marta evitou dar uma resposta imediata, mas disse ter ficado sensibilizada com o apelo, feito durante café-da-manhã patrocinado pelo presidente do diretório municipal, José Américo. A expectativa é de que ela confirme sua candidatura nos próximos dias, após conversar com o presidente Lula. Marta sinalizou que só deverá deixar o ministério em 5 de junho, prazo máximo definido por lei.

- Foi muito forte o apelo. Isso me tocou profundamente e me deixa numa situação propensa a aceitar a candidatura, mas preciso alinhavar algumas coisas antes de dar uma resposta - disse Marta.

Marta minimiza apoio de PMDB a Kassab

A ministra procurou minimizar o apoio declarado pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB) a Kassab:

- Isso faz parte da política, mas acho que foi mais desfavorável para o (Geraldo) Alckmin, que ficou numa situação mais delicada.

Já o presidente do diretório municipal do PT criticou abertamente a decisão do PMDB:

- Acho que o PMDB cometeu um grande equívoco. Foi uma decisão casuística que não corresponde ao que o partido está fazendo no plano nacional.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ex-marido da ministra, deixou escapar que a opção do PMDB pode levar o PT a lançar dois candidatos fortes ao Senado em 2010. Uma das exigências dos peemedebistas para se engajar na campanha de Marta era justamente a garantia de que uma da vagas de candidato a senador seria dada a Quércia.

- O fato de Quércia ter preferido a aliança com Kassab libera o PT a lançar dois candidatos ao Senado em 2010 - disse Suplicy.

Ao fim da reunião, Suplicy se prontificou a dar carona a Marta. A ministra, que dispensou o carro oficial para a atividade partidária, aceitou a oferta, sem esconder o constrangimento ao entrar no já usado, mas bem cuidado carro do senador, um modelo 1998 com o qual ele circula por Brasília.