Título: Especialista afirma que aumento dos combustíveis vai pressionar inflação
Autor: Casemiro, Luciana
Fonte: O Globo, 28/04/2008, Economia, p. 16

Economista revê taxa de 5% para 5,4% e diz que alta afetará alimentos

Um provável aumento dos preços dos combustíveis levou o economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, da SLW Asset, a refazer as contas e alterar a previsão de inflação em 2008 de 5% para 5,4%, podendo chegar a 6% - contra um meta do governo de 4,5%:

- Nesse cálculo, levamos em conta o impacto direto dos combustíveis no IPCA e, também, na cadeia secundária.

Segundo Freitas Filho, o efeito do aumento de combustíveis leva de dois a seis meses para atingir toda a cadeia, e é mais um item a afetar o já pressionado custo dos alimentos:

- Os alimentos devem subir este ano na casa dos 8%. O diesel chega a representar 40% do preço de hortifrutis (por causa de transporte). Podemos fechar o IPCA de 2008 com alta de 6%, se houver qualquer choque de oferta.

Já o economista Luiz Roberto Cunha acredita que o impacto da alta dos combustíveis na inflação não deve ser grande:

- O peso do combustível na inflação fica entre 3% e 4%.

Se o reajuste nas refinarias ficar entre 3% e 5%, especialistas estimam que o aumento não deve superar 4% nos postos. No Rio, onde o litro da gasolina tem valor médio de R$1,59, o preço passaria para R$1,65. Na prática, quem costuma encher quatro vezes no mês o tanque (de 50 litros) gastaria R$330, em vez de R$318. Já o litro do diesel iria de R$1,89 para R$1,96.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, o Banco Central já contabilizava os possíveis reajustes dos preços de gasolina e gás de botijão este ano. Apesar de o Copom manter a projeção de preços estáveis de combustíveis, é levantada a possibilidade de um "cenário alternativo" de alta, diante do preço do barril do petróleo, que alcançou US$120 na semana passada. A pressão inflacionária foi a justificativa para a elevação de 0,5 ponto percentual da Taxa Selic.