Título: Solto o advogado acusado de fraude no BNDES
Autor: Oliveira, rmano
Fonte: O Globo, 27/04/2008, O Páis, p. 13

SÃO PAULO. O advogado Ricardo Tosto, preso pela Polícia Federal na quinta-feira sob acusação de participar de um esquema fraudulento para a liberação de recursos do BNDES para empresas, foi libertado ontem à tarde. O relaxamento de sua prisão temporária foi determinado pelo juiz Egidio de Matos Nogueira, plantonista da Justiça Federal de São Paulo.

O magistrado tomou a decisão com base num parecer do delegado federal Rodrigo Levin, que comanda as investigações da PF sobre a suposta quadrilha que intermediava a obtenção de recursos do BNDES e é acusada de cobrar uma comissão de até 5% sobre o valor de cada empréstimo. Tosto foi preso na quinta-feira e ouvido pelo delegado Levin na sexta-feira das 17h às 21h. Depois de ouvir o advogado, o delegado entendeu que não tinha mais razões para mantê-lo preso.

Como diretor consultivo do BNDES, Tosto participaria ativamente da quadrilha, segundo o Ministério Público Federal e a PF. Ele foi indicado para o cargo pela Força Sindical, que tem o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, como presidente. Paulinho, que é ainda presidente do PDT paulista, também é alvo das investigações sob suspeita de usar sua influência política na liberação de recursos. A PF suspeita que 200 prefeituras, inclusive do PDT, teriam recebido dinheiro do esquema.

Para o advogado Eduardo Nobre, sócio de Tosto, a prisão foi ¿inexplicável e arbitrária¿, uma vez que o inquérito traz apenas a reprodução de algumas escutas de telefones de empresários dizendo um para o outro que ¿com o Tosto eu resolvo¿ ou ¿vou falar com o Tosto¿ para liberar este ou aquele empréstimo no BNDES:

¿ Não se pode levar preso um advogado como Ricardo Tosto apenas por conversas ao telefone de terceiras pessoas.

Outras ligações telefônicas interceptadas, segundo o advogado, também envolveriam o deputado Paulinho, mas sem fundamento, de acordo com ele.

¿ As ligações dizem: ¿Tosto é forte com o Paulinho¿.

Mas, se as investigações levarem ao envolvimento de Paulinho, os policiais precisarão encaminhar o processo para a Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal (STF), já que ele tem foro privilegiado.

Além de Tosto, a PF prendeu outras nove pessoas na Operação Santa Tereza, entre os quais o sindicalista João Pedro de Moura, ligado a Paulinho. Moura responde a outro processo por estelionato e falsificação de documentos com a acusação de ter sido um dos 11 responsáveis pelo desvio de R$2,8 milhões do Ministério do Desenvolvimento Agrário para um projeto de reforma agrária fracassado na Fazenda Ceres, no interior de São Paulo. Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: O País Tamanho: 451 palavras Edição: 2 Página: 13 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno

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