Título: Exigências feitas pelos casais atrasam adoações
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 27/04/2008, O País, p. 17

BRASÍLIA. Os números sobre adoções no Brasil são um mistério. Não há controle unificado sobre quantas crianças estão disponíveis para a adoção, quantos candidatos a pais existem ou quanto tempo é preciso para se conseguir ter um filho dessa forma.

Sabe-se, no entanto, que boa parte da demora nos processos é causada pela exigência dos casais. Estima-se que 95% deles exigem uma menina saudável, branca, com menos de um ano de idade. Para a juíza Andréa Pachá, coordenadora do novo sistema de adoções que será lançado, crianças com essas características são minoria.

No DF, há mais famílias interessadas que crianças

No Distrito Federal, existem mais famílias dispostas a adotar do que crianças disponíveis. A proporção é de 420 para 178. Como as exigências restringem o universo de crianças, muitos ficam anos na fila de espera. Segundo Andréa Pachá, que atua em uma vara de família do Rio de Janeiro, os juízes da área começaram a incentivar adoções incomuns ¿ como de crianças soropositivas, com doenças mentais ou com mais de cinco anos.

¿ Muita gente reclama de demora, mas quando vamos ver o caso, existem pessoas que fazem tantas restrições que fica difícil arranjar a criança. Hoje, as adoções de crianças mais velhas têm aumentado. Estamos fazendo nas varas um trabalho psicológico com pretendentes a pais para incentivar isso ¿ conta Andréa.

No cadastro nacional, quem preencher a ficha poderá escolher as características da criança que pretende adotar. O sistema buscará em todos os estados onde há menores disponíveis com o perfil solicitado. Quanto menos restrições o casal fizer, mais rápida a adoção poderá acontecer.

Juízes terão prazo para abastecer cadastro nacional

O cadastro será totalmente confidencial: apenas juízes e alguns servidores das varas terão senha de acesso. Haverá, também, espaço para uma fotografia dos pais e das crianças disponíveis. Na terça-feira, o CNJ editará uma resolução dando prazo de seis meses para juízes de todas as cidades brasileiras inserirem os dados locais no novo sistema.

¿ Hoje, cada cidade faz o processo de uma forma. Alguns estados, como Santa Catarina, São Paulo e Pernambuco, já têm cadastros de todas as cidades unificados. Agora, vamos unificar o Brasil inteiro. É um projeto tão fácil de se fazer, não sei por que demorou tanto para se pensar nisso ¿ afirma Andréa. Jornal: O GLOBO Autor: Editoria: O País Tamanho: 409 palavras Edição: 1 Página: 17 Coluna: Seção: Caderno: Primeiro Caderno

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