Título: Governistas miram em Paulo Renato
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 26/04/2008, O País, p. 3
BRASÍLIA. A bancada governista pediu ontem à CPI do Cartão Corporativo investigação de novos gastos suspeitos do deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP) no período em que ele foi ministro da Educação, no governo Fernando Henrique. Documentos divulgados pelo senador petista João Pedro (AM) mostram que ele usou recursos públicos para se hospedar com a então namorada Carla Grasso em hotéis de São Paulo e Belo Horizonte. Os papéis também revelam que o tucano recorreu à mesma empresa para alugar carros em 37 visitas ao Rio em 2001 - média de três viagens ao mês.
Em julho de 2001, Paulo Renato apresentou ao ministério nota fiscal de R$2.153,10 emitida em nome de Carla pelo hotel Sheraton Moffarej (SP). Dois meses depois, sua chefe de gabinete assinou um carimbo assumindo a despesa: "Declaro, para os devidos fins, que os serviços constantes da presente fatura foram prestados exclusivamente em objeto do serviço". Ontem, ele alegou não ter cópia de sua agenda oficial no período em que ocupou a pasta.
O petista também levantou suspeitas sobre gastos de Paulo Renato com o aluguel de veículos no Rio. Ele divulgou 47 notas fiscais emitidas entre 2001 e 2002 pela empresa LCM Transporte e Serviços, sediada em Duque de Caxias. As despesas repetidas foram feitos por meio dos suprimento de fundos, que dispensam licitação.
- Apesar de as notas terem sido emitidas com intervalo médio de uma semana, seus números são praticamente seqüenciais - disse o senador.
Em nota, Paulo Renato disse que o nome de Carla está nas notas porque ela é sua esposa, embora só tenham se casado no ano seguinte às despesas. Ele informou que, apesar de não considerar o pagamento da hospedagem dela um erro, devolverá o dinheiro caso a Controladoria Geral da União determine. Ele disse que pagou cem "itens de hospedagem fora de Brasília" com recursos da conta tipo B nos oito anos em que foi ministro. Na semana passada, Paulo Renato divulgou seus gastos, e a CGU abriu auditoria.