Título: Investigações sobre desvio no BNDES devem incluir presidente da Força
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 26/04/2008, O País, p. 4

Advogado e ex-assessor de Paulinho estão entre os presos pela Polícia Federal

SÃO PAULO. Evidências obtidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal devem levar à inclusão do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, presidente da Força Sindical, nas investigações sobre o esquema fraudulento que desviava parte de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Paulinho, segundo o Ministério Público Federal, é ligado a duas pessoas presas pela Polícia Federal anteontem: o advogado Ricardo Tosto, indicado pela Força Sindical para o Conselho de Administração do BNDES, e João Pedro de Moura, amigo de Paulinho e que está sendo processado pela Justiça Federal por desviar dinheiro do Ministério do Desenvolvimento Agrária, num processo em que o deputado também é réu.

Réus e advogado no mesmo processo

Tosto, principal nome do escritório Leite, Tosto e Barros, um dos maiores de São Paulo, foi indicado pela Força Sindical para o Conselho de Administração do BNDES. Ele foi advogado de Paulinho na compra da Fazenda Ceres, na qual há suspeita de superfaturamento e desvio de R$2,8 milhões de verbas destinadas à reforma agrária. João Pedro de Moura, também preso anteontem, já foi assessor de Paulinho. É processado, junto com ele, no caso da Fazenda Ceres. Formado em educação física, é conhecido como consultor financeiro. Segundo as investigações do Ministério Público Federal, usa o nome do deputado em seus negócios para obter empréstimos no BNDES.

De acordo com o superintendente da PF em São Paulo, Jaber Saadi, as investigações são preliminares e sequer foi aberto inquérito. Caso as investigações concluam pelo envolvimento de Paulinho, o Supremo Tribunal Federal (STF) teria de autorizar a continuidade dos trabalhos.

- As investigações são preliminares. Se concluírem pelo envolvimento de Paulinho, será preciso que a investigação seja feita pela Procuradoria Geral da República, pois ele tem foro privilegiado como deputado.

Em nota, Paulinho confirmou que indicou Tosto para o BNDES, mas se recusou a comentar o suposto envolvimento do advogado com a quadrilha. "Há cinco meses indicamos um dos mais conceituados advogados do país, Ricardo Tosto, para representar a entidade no Conselho de Administração do BNDES. Reafirmamos nosso apoio e confiança no Dr. Ricardo Tosto", afirma a nota. O deputado disse, na nota, que a Força Sindical tomou conhecimento da operação da PF pelos meios de comunicação e que aguarda a apuração dos fatos para se pronunciar definitivamente.

No final da tarde de ontem o escritório Leite, Tosto e Barros entrou com pedido de reconsideração da prisão do advogado Ricardo Tosto.