Título: Lula afirma que PAC repara erros de 40 anos
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 26/04/2008, O País, p. 11
Para presidente, há "lógica perversa" na utilização política dos pobres, que, segundo ele, só são lembrados em eleições
PAULÍNIA (SP). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sua administração está reparando erros que governos cometem há 40 anos. Ele voltou a criticou políticos que, repetiu Lula, só dão atenção aos pobres em época de eleição.
- Nós estamos reparando o erro que vem se acumulando há 40 anos neste país. E por que vem se acumulando? Porque as favelas não surgem por acaso, não é apenas porque as pessoas são pobres. Se os prefeitos fizessem intervenção quando tivesse o primeiro morador, eles teriam que resolver o problema de uma pessoa, em um lugar melhor.
Segundo Lula, muitas famílias ainda vivem sobre palafitas e que a culpa dessa situação é dos administradores públicos, que não interferiram nos processos de ocupação quando ainda existia apenas uma ou duas famílias nestes locais. Agora, disse, o governo tem de resolver situação mais grave, com áreas de risco onde há até 40 mil famílias.
- Muitas vezes as ocupações em lugares inadequados são movimentadas por políticos, por vereadores, às vezes incentivadas por prefeitos, por deputado, e às vezes pela necessidade, obviamente. Mas se a gente fizesse a intervenção no começo, a gente poderia escolher um lugar adequado. Ficaria mais barato fazer as casas no começo, do que depois mexer em 30 ou 40 mil pessoas que já estão alojadas, que já estão morando de forma totalmente inadequada. Então, nós estamos fazendo uma reparação.
Presidente reafirma que não pleiteia mais a Presidência
Lula reafirmou que não está pleiteando a Presidência, pois já é presidente, e chamou de "lógica perversa" a utilização política de pessoas humildes.
- Pobre só é levado em conta em época de eleição. A verdade nua e crua, doa a quem doer - e falo isso porque não estou pleiteando a presidência, pois já sou presidente -, é que em época de eleição um pobre é mais importante do que um banqueiro. Acontece que, depois da eleição, o banqueiro até janta com o eleito e o pobre nem é mais cumprimentado -- afirmou, durante solenidade de liberação de recursos do PAC para 11 cidades do interior paulista que somaram R$216,7 bilhões.
- O que nós estamos fazendo é tentar mudar essa lógica perversa da política, de utilização das pessoas mais humildes deste país - emendou Lula, aplaudido por cerca de 100 moradores de Campinas.
Lula rebateu críticas dos adversários, de que o governo faria uso político do PAC:
- Diziam que o PAC era mais um anúncio do governo, mais uma pirotecnia. O dado concreto é que o PAC está em mais de 5,2 mil cidades do país. Diziam que o PAC era para atender apenas aos prefeitos do partido do presidente. Gente, nós temos tão poucos prefeitos que não dava nem para fazer um PAC.