Título: Para Meirelles, do BC, é o momento de investir na economia do Brasil
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/04/2008, Economia, p. 34

Em recado a empresários, ele descarta risco de país voltar à fase de "freadas"

BRASÍLIA. Alvo das críticas dos empresários, após comandar uma forte alta dos juros, de 0,5 ponto percentual, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, mandou ontem um recado ao setor produtivo: não há motivos para deixar de investir. Segundo ele, a empresa que não aproveitar o bom momento da economia brasileira verá sua participação de mercado encolher. Isso porque, defendeu, o país passou da fase de "arrancadas e freadas" e hoje tem na estabilidade o alicerce para o crescimento sustentável.

- É o momento de investir. A oportunidade está aqui, mas o desafio também, porque aqueles que não investirem vão perder fatia do mercado. O crescimento está sendo consolidado mediante uma política de responsabilidade do governo brasileiro - afirmou Meirelles, em discurso no seminário "Governança Cooperativa", realizado ontem na capital federal.

Meirelles reitera compromisso com metas de inflação

Uma das preocupações do BC é com o ritmo de expansão dos investimentos produtivos em relação à aceleração maior da demanda interna, o que pode pressionar a inflação.

Meirelles disse ainda que, apesar de decisões de política monetária mais austeras, referindo-se à recente puxada na Selic, o país está com o ritmo de crescimento consolidado. Pelas contas do BC, o Produto Interno Bruto (PIB) terá expansão de 4,8% este ano.

- Muitos se preocupam quando vêem o BC tomar uma atitude de política monetária de maior austeridade em determinado momento, que possamos ter o risco de voltar a padrão de arrancadas e freadas. Vivemos em outro Brasil. O país tem um BC comprometido com metas de inflação. Portanto, pode ter a tranqüilidade de que o BC está consolidando e mantendo as condições para continuar crescendo de forma sustentada, sem desequilíbrios - defendeu.

O aumento da Selic de 11,25% para 11,75% ao ano, no último dia 16, superou o consenso de mercado, de um ajuste de 0,25 ponto. Foi a primeira alta em três anos. O BC considera que a inflação está, perigosamente, se afastando do centro da meta oficial, de 4,5%, tanto neste ano quanto em 2009.