Título: Inflação dobra e índice de alimentos triplica
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 26/04/2008, Economia, p. 35
IPCA-15 já acumula alta de 4,94% em 12 meses. Pressão inflacionária se espalha por diferentes produtos
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), uma prévia da taxa que orienta o sistema de metas de inflação do governo, mais que dobrou em abril, puxado pelos alimentos, informou ontem o IBGE. Subiu para 0,59% no mês, depois de ter registrado 0,23% em março. No ano, a taxa acumula alta de 2,18% e, nos últimos 12 meses, de 4,94%. A alta dos alimentos triplicou, subindo de 0,40% para 1,28% e respondendo por 47% de todo o IPCA-15 de abril.
Somente o pão francês, que ficou 6,95% mais caro, contribuiu com 13% na taxa de abril. Além da alimentação, o índice trouxe outra preocupação: as elevações de preços se espalharam. Ficaram mais caros combustíveis, vestuário, luz e água, produtos de higiene pessoal e remédios.
- A taxa veio acima do que o mercado esperava e trouxe um cenário muito ruim para a inflação. Houve altas fortes em outros grupos, como de vestuário, por exemplo. Nessa mesma época em 2007, as roupas subiram apenas 0,43%, contra 1,35% este ano - disse Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora.
A pressão se espalhou. O economista analisou os números em 12 meses e viu aceleração em todos os grupos de preços. Em duráveis, em roupas e calçados, nos serviços. Apenas nos preços administrados, aqueles controlados pelo governo, a inflação foi menor nos últimos 12 meses, comparando com o fechamento de 2007. O índice de difusão, que mede a parcela de produtos que encareceram, subiu: passou de 57,6% em março para 60,7% em abril:
- Mesmo que a taxa de abril fique em 0,55%, um pouco abaixo dessa prévia, será maior que o índice de 2007, fazendo subir o acumulado em 12 meses para além de 5%.
Ele acredita que os alimentos comecem a subir menos, mas há outras ameaças no ar. A principal delas vem dos combustíveis. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula disse que os preços da gasolina no Brasil estão defasados e, nos bastidores, o governo já discute um reajuste.
- Tudo isso pode fazer o Banco Central reavaliar o tamanho do aperto monetário - afirmou Teles.