Título: Sensus: 3º mandato para Lula divide o país
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 29/04/2008, O País, p. 8

Maioria (50,4%) aprova mudança para petista poder disputar, mas há empate técnico com os que são contra

BRASÍLIA. Pesquisa do Instituto Sensus divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que 50,4% dos entrevistados aprovam uma mudança na Constituição para permitir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidate a um terceiro mandato. Outros 45,4% rejeitam a idéia. O resultado mostra uma divisão no eleitorado. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, haveria um empate técnico entre os que são contra e os que são a favor.

Na hipótese de uma eleição presidencial que permitisse a Lula concorrer em 2010, a pesquisa mostrou que 51,1% dariam a vitória ao petista, enquanto 35,7% prefeririam o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Retirando-se votos em branco, nulos e eleitores que não souberam responder, a vitória de Lula sobre Serra (58,8% contra 41,2%) não seria tão ampla quanto foi em 2002 (61,3% contra 38,7%) e em 2006, quando o presidente enfrentou Geraldo Alckmin (60,8% a 39,2%).

Popularidade nas alturas

Segundo o levantamento CNT/Sensus, o governo federal registrou em abril a maior aprovação desde o início do primeiro mandato de Lula: foram 57,5% de avaliações "ótimo ou bom" contra 56,6% em janeiro de 2003. A avaliação cresceu cinco pontos em abril, em comparação a fevereiro de 2008, quando estava em 52,7%. Os que desaprovam o governo caíram de 13,7% para 11,3%, e os que acham regular foram de 32,5% para 29,6%.

Para fazer uma comparação, o nível mais alto de aprovação atingido pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique em seu segundo mandato foi 33,3%, em março de 2001. A popularidade de Lula também subiu, de 66,8% em fevereiro para 69,3% em abril. A desaprovação caiu de 28,6% para 26,1%.

A pesquisa foi realizada entre 21 e 25 de abril, e foram entrevistadas 2.000 pessoas em 136 municípios de 24 estados, em todas as cinco regiões do país.

Caso do dossiê é acompanhado por 51,2%

A sondagem mostrou que 51,2% da população têm acompanhado, ou ao menos ouviu falar, do episódio do dossiê com gastos sobre o governo Fernando Henrique Cardoso produzido no Palácio do Planalto. Outros 36,4% desconhecem o caso. Mas os detalhes não são bem compreendidos pelos entrevistados: a maioria dos que disseram ter conhecimento, 21,1%, atribui aos integrantes da CPI do Cartão Corporativo a principal responsabilidade pela montagem e divulgação do dossiê.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apontada pela oposição como principal responsável pelo dossiê, aparece apenas em segundo lugar, lembrada por 17,4% dos entrevistados. Em seguida aparecem assessores da ministra (13,1%), a instituição Casa Civil (9%) e a Secretaria-Geral da Presidência da República (8,3%).

A CPI mista do Cartão Corporativo é conhecida da maioria dos entrevistados pelo Sensus: 57,9% disseram que têm acompanhado ou já ouviram falar. No entanto, é grande a desconfiança: 58,1% não acreditam que a comissão vai analisar de forma isenta as denúncias. A maior parte das pessoas (57,8%) defende que o Congresso apure as denúncias de mau uso do cartão tanto no governo do PT quando no do PSDB; 12,7% querem investigação apenas das contas petistas e 6,1% só na gestão tucana. Outros 12,2% são contra o Congresso investigar as denúncias.

(*) Do Globo Online