Título: Ministro diz que aumento do preço da gasolina pode sair já esta semana
Autor: Baldissarelli, Adriana
Fonte: O Globo, 29/04/2008, Economia, p. 23

Lobão afirma que impacto nos preços ao consumidor não chegará a 5%

FLORIANÓPOLIS e ARGEL. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu ontem que o reajuste do preço da gasolina poderá sair esta semana. Ele acrescentou, no entanto, que se o reajuste for aprovado, o percentual terá "baixo impacto" para o consumidor. Lobão disse que terá uma reunião nos próximos dias com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, para analisar as planilhas de custos da Petrobras.

- Nem sei se haverá aumento. Mas, se houver, creio que será um aumento quase que imperceptível na bomba de gasolina. Não chegará a repercutir 5% na bomba, mas dois e pouco por cento ou menos. Se houver - disse o ministro.

Lobão alegou que o governo terá de recompor a defasagem em relação aos preços internacionais que, no caso da gasolina, é superior a 17%, em razão de "cuidados com a saúde financeira da Petrobras".

- Sou consultado todos os dias pela Petrobras. A Petrobras não promove nenhuma alteração dos custos dos combustíveis há dois anos e meio, e tem se queixado muito de de estar ficando sem fôlego aqui no Brasil e pede então que se autorize o aumento - disse Lobão.

Pela manhã, ao visitar o canteiro de obras da subestação da Eletrosul em Biguaçu, em Florianópolis, obra em fase de finalização e que faz parte do processo de interligação da Ilha de Santa Catarina ao sistema nacional de abastecimento de energia elétrica por meio de cabos submarinos, Lobão já havia insistido que o governo estuda formas de reduzir ao mínimo o impacto do aumento.

- Este é um governo que não faz demagogia. Claro que tenta defender o bolso do consumidor, mas chega um ponto em que é preciso olhar a situação da Petrobras.

Sobre a data em que a alta chegará às bombas, Lobão disse que não deve passar desta semana, mas evitou precisar o dia. Alegou que não é como em caso de decisão relacionada à Bolsa de Valores, que deve ser anunciada na sexta-feira à noite.

- Depende do presidente, mas terça-feira, como domingo ou sábado, não faz diferença, as pessoas consomem combustível todo o dia.

Opep: preço do petróleo pode chegar a US$200

Ontem, o presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e ministro de Minas e Energia da Argélia, Chakib Khelil, não descartou que o preço do barril do petróleo chegue a US$200. Em entrevista ao jornal oficial do governo argelino, "El Moudjahid", Khelil afirmou que, embora o fornecimento esteja adequado à demanda, a desvalorização do dólar no mercado de câmbio internacional está pressionando os preços da commodity, que se torna alvo dos investidores insatisfeitos com a performance da moeda americana.

Ontem, o preço do petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York se aproximou novamente do patamar dos US$120, chegando a ser negociado a US$119, 93 o barril, US$0,03 acima do recorde histórico alcançado na terça-feira passada. No encerramento das negociações, no entanto, recuou um pouco, fechando com leve alta de 0,2%, a US$118,75 o barril.

Ao ser perguntado se a cotação do petróleo avançará acima dos US$200, o presidente da Opep disse na entrevista ao jornal argelino não descartar essa hipótese.

"No que se refere aos fundamentos, os estoques estão altos, a demanda está caindo, o fornecimento é satisfatório. Assim, se não houvesse problemas geopolíticos e a queda do dólar, os preços do petróleo não estariam nesse patamar", disse Khelil ao jornal.

Khelil acrescentou que, como há equilíbrio entre oferta e demanda, ele não vê necessidade de aumentar a produção de petróleo para ajudar a derrubar os preços. Ele lembrou que os "estoques americanos do produto registraram um superávit e se situam hoje em seu maior patamar em cinco anos".

(*) Com agências internacionais