Título: Petróleo dá lucro recorde a Shell e BP
Autor: Damé, Luiza; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 30/04/2008, Economia, p. 26

Holandesa ganha US$9 bi e britânica, US$7 bi com disparada dos preços

LONDRES. Impulsionadas pelo elevado preço do barril de petróleo, as gigantes Royal Dutch Shell e BP superaram as expectativas do mercado e divulgaram lucros líquidos recordes referentes ao primeiro trimestre de 2008. A Shell, segunda maior petrolífera não-estatal do mundo em valor de mercado, registrou ganho de US$9,08 bilhões, alta de 25% em relação a igual período de 2007. Já a BP obteve lucro de US$7,62 bilhões, aumento de 63% na mesma comparação.

A produção de ambas as empresas, as duas maiores da Europa, se manteve estável, o que demonstra o peso do preço do combustível no balanço trimestral. Depois de encostar em US$120 esta semana, o barril do petróleo leve americano fechou ontem em US$115,80, queda de 2,48%. ¿O cenário parece continuar forte no segundo trimestre, com os preços do petróleo a US$107 por barril, em média¿, disse James Neale, analista de petróleo do Citigroup, em nota.

Alta das ações foi maior ontem que em dois anos

Apesar da queda nas margens de refino no trimestre, isso teve pouco impacto no resultado das empresas. No caso da BP, analistas previam prejuízo neste segmento, mas a empresa obteve lucro de US$1,2 bilhão.

¿Uma boa performance operacional, combinada aos preços crescentes de petróleo e gás natural, conseguiram ofuscar o impacto das condições de queda¿, disse em um comunicado, por sua vez, Jeroen van der Veer, diretor-executivo da Shell, que deve deixar o cargo no próximo ano.

As ações de Shell e BP subiram na segunda-feira mais do que nos últimos dois anos. Na BP, a produção de petróleo e gás se manteve estável em 3,9 milhões de barris diários, disse a companhia. A Shell, por sua vez, também manteve estável sua produção em 3,5 milhões de barris diários, apesar de uma série de problemas recentes de ordem geopolítica terem afetado parte de sua produção.

Em abril, cinco policiais que guardavam o terminal de petróleo e gás da empresa na Nigéria foram assassinados por rebeldes. Já a BP fechou um sistema de oleoduto na Escócia, após uma greve dos trabalhadores, que reivindicavam pagamento de pensões em uma das refinarias da empresa.

Alguns investidores estão particularmente preocupados com relação à oferta na Nigéria, que produz um petróleo de maior qualidade, muito procurado pelos EUA para atender à crescente demanda de seus consumidores às vésperas do verão no hemisfério norte, período de férias e de maior consumo de gasolina.

Ambas as companhias também reclamaram ontem, ao apresentarem seus resultados, na concorrência acirrada com empresas petrolíferas estatais, que receberiam vantagens nas negociações de projetos energéticos.