Título: Paraguai: vice eleito vem em busca de preço justo
Autor: Damé, Luiza; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 30/04/2008, O Mundo, p. 35

Em Brasília, Franco defende negociação sobre Itaipu, mas Alencar diz que tratado é intocável

BRASÍLIA. Ainda que num tom mais moderado do que na campanha, o vice-presidente eleito do Paraguai, Federico Franco, voltou a defender a revisão do preço da energia elétrica de Itaipu paga pelo Brasil ao governo paraguaio, num périplo ontem pela Esplanada dos Ministérios. O assunto foi abordado nos três encontros que teve durante rápida visita à capital federal. Franco se reuniu primeiro com o vice-presidente José Alencar, depois com a bancada federal do Paraná e o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), e, por fim, com o chanceler Celso Amorim.

- Queremos falar com Brasil e Argentina como sócios, em igualdade de condições, não como súditos. Apostamos que numa negociação vamos conseguir um preço justo. É óbvio e natural que não chegaremos a esse preço justo do dia para a noite. Mas não acreditamos que exista nada sobre o qual não possamos dialogar - observou.

Na conversa com Alencar, Franco disse ter ficado clara a disposição do governo brasileiro de dialogar com o Paraguai, embora não tenham sido discutidas propostas concretas sobre Itaipu. Franco disse que a equipe de transição vai solicitar os atos de Itaipu para análise.

Depois do encontro, Alencar disse que o Brasil sempre foi "generoso" com o Paraguai nas relações bilaterais. Para ele, o Tratado de Itaipu é "intocável".

- Todas as questões internacionais devem ser feitas na base do diálogo. Somos vizinhos e queremos ser amigos. Por outro lado, não temos nada a ver com o discurso de campanha. Com relação ao acordo, isso é absolutamente intocável - afirmou.

Lula defende postura de cooperação e compreensão

No discurso ontem durante a formatura de diplomatas, no Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil tem lutado por uma política externa baseada na solidariedade e que isso não é incompatível com os interesses nacionais. Em referência indireta ao Paraguai, disse que o interesse de longo prazo brasileiro, muitas vezes, é defendido com cooperação.

- Todos sabem que tenho lutado por uma política de solidariedade, isso nada tem de incompatível com a defesa do interesse nacional, ao contrário - disse. - Muitas vezes, o nosso interesse de longo prazo é melhor defendido com a postura de cooperação e compreensão, assim temos mais resultados do que pela confrontação.

COLABOROU Chico de Gois