Título: Incra acusa MST de destruir e roubar equipamentos
Autor: Alves, Anderson
Fonte: O Globo, 03/05/2008, O País, p. 8

Superintendente diz que roubo vai atrasar processos de assentamentos e desapropriação em MG.

BELO HORIZONTE. A superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belo Horizonte, acusou integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de destruírem e roubarem equipamentos da sede da autarquia, depois de três dias de ocupação. Entre segunda e terça-feira desta semana, cerca de 300 pessoas ligadas ao MST ocuparam o prédio do Incra na capital mineira, pedindo mais agilidade nos assentamentos no estado.

Ontem, quando os servidores retornaram ao trabalho, encontraram mesas, armários, paredes e equipamentos danificados, documentos e processos rasgados, e muros pichados. Pertences pessoais de servidores e até uniformes de funcionários da limpeza foram roubados.

Por se tratar de uma autarquia federal, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, policiais federais fizeram vistoria no prédio, para avaliar os danos e registrar o desaparecimento de processos e equipamentos. No local, foram encontradas dezenas de garrafas de bebidas alcoólicas. Aparelhos de GPS e computadores portáteis foram roubados. A sala do sistema informatizado de cartografia, que monitora as áreas de assentamento em Minas Gerais, foi invadida, e grande parte do banco de dados desapareceu.

O superintendente do Incra em Minas, Marcos Helênio, afirmou que a destruição de processos e o roubo de computadores com informações técnicas vai atrasar o andamento dos processos no estado, principalmente os relativos a assentamentos e desapropriação de terras:

- Não houve o debate de reivindicações e propostas. Houve um ato de vandalismo praticado por criminosos. As pessoas que destruíram a sede do Incra não são agricultores, são uma quadrilha. Mais do que o grande prejuízo causado ao patrimônio público, isso faz com que os processos de desenvolvimento agrário em Minas voltem quase à estaca zero.

A Superintendência do Incra estado anunciou que vai processar a coordenação do MST de Minas. A servidora Elaine Trindade disse que teme novas invasões:

- Isso é uma invasão desordeira. Encontrei as gavetas todas reviradas e o chão imundo. Até um carro que estava no estacionamento do prédio foi tombado e danificado.

Líder do MST nega acusações de vandalismo

O zelador Joel Pires contou que se assustou com o que viu quando chegou para trabalhar ontem de manhã:

- Levaram o único uniforme que eu tinha para trabalhar. Até uma foto da minha família que eu deixava aqui foi rasgada. Quando cheguei de manhã, achei mais de dez garrafas de cachaça espalhadas pelo chão do prédio.

A coordenação do MST negou as acusações:

- Não vimos nada disso acontecer. Foi uma ocupação organizada, sem vandalismo. Alguém deve ter alguma intenção em fazer essas acusações -, afirmou a coordenadora do MST em Minas, Daiana Machado.