Título: Prefeito baiano é assassinado diante de parentes
Autor: Rodrigues, Alean
Fonte: O Globo, 03/05/2008, O País, p. 11

Procurador acusa prefeito cassado de ser o mandante do crime; vítima tinha registrado queixa de ameaças.

NOVO TRIUNFO (BA). Manoel Messias Santana (PSDB), de 40 anos, prefeito em exercício do município baiano de Novo Triunfo, a 360 quilômetros de Salvador, foi assassinato anteontem à noite em frente de sua residência. No momento do crime, o prefeito, que também era presidente da Câmara de Vereadores, estava em companhia de quatro parentes. De acordo com testemunhas, dois homens chegaram num carro Gol de cor escura. Um deles desceu e perguntou quem era Messias. Após a identificação, disparou contra o prefeito.

Um parente do prefeito que estava no local ainda brigou com um dos assassinos, que disparou mais três tiros e fugiu. Ninguém mais foi atingido pelos disparos. Messias estava substituindo o prefeito Pedro José Carvalho Almeida (PR) que, juntamente com o vice-prefeito Paulo José Almeida Silva, do mesmo partido, tinham sido cassados pelo TRE por crime eleitoral.

Secretaria negou segurança por falta de pessoal

Messias assumiu a prefeitura em abril de 2007 e dois meses depois rompeu politicamente com o ex-prefeito, começando a receber ameaças.

¿ O ex-prefeito queria que ele tirasse dinheiro da prefeitura para pagar a agiotas e outras dívidas que ele tinha. Como não aceitou, iniciaram as ameaças de morte ¿ afirmou o procurador do município, José Adelmo Matos.

O procurador disse que ele e o prefeito vinham recebendo ameaças por telefone e cartas, tendo inclusive registrado uma queixa na delegacia local e solicitado segurança especial. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia negou o pedido, alegando falta de efetivo.

¿ Eles disseram que não podiam designar ninguém para nos dar segurança, por terem um número reduzido de policiais, além de que não tínhamos dados concretos para comprovar as ameaças.

Matos acusa o prefeito cassado Pedro José Carvalho de ser o mandante do assassinato de Messias, e aponta como motivo do crime a possibilidade de Carvalho reassumir o cargo.

¿ Como ele não conseguiu corromper o Messias, eles acreditaram que, se o matassem, assumiriam o cargo e aí eles teriam a máquina pública nas mãos, mas se enganaram ¿ disse, acrescentando que a lei orgânica do município prevê que, em casos como esses, o procurador assuma o cargo interinamente, até que a Câmara de Vereadores eleja um novo presidente para assumir o cargo de prefeito.

Na casa do ex-prefeito Pedro José Carvalho, o sogro dele, Jonas Pereira, informou que o genro não estava. A delegada Xavier Barbosa informou que a polícia está trabalhando com várias linhas de investigação, e não descarta nenhuma hipótese até o momento. Ela confirmou que o prefeito registrou queixa na delegacia e denunciou um suposto autor das ameaças. A pessoa foi ouvida, mas faltaram provas concretas.

Ela disse ainda que três equipes da especiais da Polícia Militar estão no município para garantir a segurança de familiares e pessoas ligadas ao político assassinado.

* Da Agência A Tarde