Título: Afastado risco de alta maior de juros
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 03/05/2008, Economia, p. 30
Analistas acreditam que grau de investimento ajudará a conter a inflação.
A classificação do Brasil como um porto seguro para os investimentos e a manutenção dos preços da gasolina para o consumidor afastaram os riscos inflacionários apontados na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Em 16 de abril, o comitê elevou os juros básicos da economia de 11,25% ao ano para 11,75% para segurar a alta do custo de vida.
Segundo economistas, desde que o Copom indicou no seu comunicado que o ajuste monetário seria curto e moderado, o cenário da inflação só fez piorar, com altas seguidas dos alimentos, petróleo subindo e expectativas de inflação cada vez mais se afastando da meta fixada para este ano de 4,5%:
- Com o grau de investimento e a gasolina contida, esses riscos diminuíram muito, mas não o suficiente para fazer o Banco Central rever o ciclo de aperto monetário. Afinal, o Brasil ganhou essa classificação também em razão da credibilidade do BC. Mas o temor de alta ainda maior de juros foi afastada - disse Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.
O economista afirma que as multinacionais já consideravam o país seguro e, portanto, vinham mantendo seus investimentos no país:
- Podemos ter aumento do investimento de curto prazo, especulativo, que vai compensar as remessas de lucros e dividendos. A entrada de recursos não chegará aos US$100 bilhões do ano passado, que fez o real valorizar 20%. Este ano, mesmo com o grau de investimento, a valorização do câmbio será bem menor.
Economista diminui previsão de inflação para o ano
E essa valorização já estava na conta dos analistas em suas previsões. O que fará as projeções caírem um pouco é a forma do reajuste da gasolina, poupando o consumidor:
- Estávamos com uma projeção de inflação para o ano de 5,2%, já contando com algum reajuste de gasolina, e baixamos para 5% - disse Maia.
O professor da PUC, o economista Luiz Roberto Cunha, também não vê mudanças no ciclo de aperto monetário depois da classificação melhor de risco do Brasil:
- Mas as expectativas que começaram a surgir de que o aperto monetário pudesse ser maior agora se dissiparam.
Para o professor, a conseqüência mais importante da melhoria da nota do Brasil será o aumento da oferta de recursos para investimento, principalmente em infra-estrutura. E também em ampliação de capacidade de produção da economia:
- As empresas terão mais facilidades de captar recursos lá fora. E os juros de longo prazo já começaram a baixar. Acredito que, até setembro, o BC pare de subir juros e comece a baixar em 2009.