Título: Líder no mundo, Bovespa já sobe mais que o dobro do México, o 2º colocado
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 03/05/2008, Economia, p. 30
Bolsa mexicana acumula alta de 3,44% no ano e a brasileira, 8,58%
No segundo pregão após receber o grau de investimento, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aumentou ainda mais a liderança entre as bolsas do mundo, com a maior rentabilidade. De janeiro até ontem, o Ibovespa - principal indicador da Bolsa, que reúne as ações mais negociadas do pregão - acumula alta de 8,58%. O resultado é quase 150% maior que o segundo colocado, a Bolsa do México, que registra valorização de 3,44% no período. Na última quarta-feira, a vantagem brasileira era de 147%.
Segundo analistas, apesar de parte do mercado já ter antecipado o grau de investimento ao longo dos últimos meses, a importância de se ter o selo de segurança acabou animando os investidores. Ontem, em um dia espremido entre o feriado do Dia do Trabalho e o fim de semana, o volume financeiro, superior a R$11 bilhões, foi quase o dobro da média diária do último mês.
- Esse dado mostra que quem estava de fora da Bolsa paulista decidiu entrar com força. Por isso, em dois dias, a Bolsa bateu dois recordes e voltou à liderança de rentabilidade. Com a maior procura, as ações ficaram mais disputadas, o que pressionou o preço para cima. Na terça-feira, um dia antes do grau de investimento, a Bovespa acumulava queda de 0,09%, contra uma alta de 2,48% da Bolsa do México - diz Saulo Sabbá, diretor-executivo da Máxima Asset Management.
Grande parte do avanço da Bolsa brasileira nos dois últimos dias úteis foi por causa do bom desempenho de papéis de primeira linha, como os de empresas de mineração, petróleo e siderurgia, além das ações do setor financeiro.
- A minha previsão para a Bovespa era de 75 mil pontos. Agora, já subiu para 80 mil - diz Alexandre Espírito Santo, professor da ESPM-RJ e economista-chefe da Plenus Gestão de Recursos.
Bolsas americanas ainda enfrentam crise imobiliária
Para analistas, no entanto, o fluxo de capital estrangeiro no país ainda é pequeno. É que, para muitos fundos de pensão de EUA e Europa investirem em países emergentes, é necessário que uma segunda agência de classificação de risco eleve o Brasil a grau de investimento. A Moody"s diz apenas que sua classificação permanece igual e a Fitch informa apenas que um grupo de analistas está reavaliando o país.
- Alguns investidores privados de países mais conservadores só precisam de uma nota. Mas, pelo que li das outras agências de classificação de risco, o Brasil ainda precisa melhorar seu perfil de gastos, como a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos pelo país) - diz Sabbá.
Os índices da Bolsa de Nova York têm sofrido com a desaceleração da economia americana e com a crise nas hipotecas de alto risco. O Dow Jones acumula queda de 1,56% no ano, até ontem.