Título: Rio terá mais de dez candidatos, e todos querem distância de Cesar
Autor: Maiá, Menezes; Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 04/05/2008, O País, p. 4

Até candidata do DEM quer se descolar da imagem desgastada do prefeito.

Adversários entre si, mas com um alvo em comum: o prefeito Cesar Maia. Na eleição que marca o fim da era Cesar, a administração municipal está na mira dos principais pré-candidatos à sucessão do prefeito. O isolamento da cidade, a crise na saúde e a desordem urbana comandarão a pauta da campanha, que começa oficialmente em julho. O senador e pré-candidato do PRB, Marcelo Crivella, é um dos que vão abordar o tema. Depois de oito anos no comando da cidade, além dos quatro do primeiro mandato (93 a 97), o prefeito aparecerá na campanha do bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

- Vou usar isso na campanha. Todo o ciclo de poder se esgota, a estratégia e a visão política precisam ser reformuladas, embora haja projetos importantes que devam continuar, como as vilas olímpicas nas comunidades - diz Crivella.

O senador diz que a prefeitura não pode "ter o tumulto dos ódios e paixões", em referência à gestão Cesar.

- Se o prefeito não ceder e não dialogar, ele acaba permitindo que os problemas se acumulem na prateleira dos dissensos, que ficam lá e não fazem nada.

A pré-candidata do DEM, Solange Amaral, ex-subprefeita e ex-secretária de Habitação de Cesar, vê méritos na gestão do padrinho. Mas também não quer colar sua imagem à do prefeito. Serão pelo menos 13 candidatos, quase todos contra Cesar. Apoiada pelo prefeito, Solange prefere se definir como uma candidata pós-Cesar Maia e rejeita o caráter de continuidade de um eventual governo seu:

- Eu quero ser a prefeita pós-Cesar Maia. Quem quiser ser o anti-Cesar Maia vai quebrar a cara. É um administrador que errou, mas que também acertou muito. Mas meu interesse é discutir o futuro.

Pré-candidato do presidente Lula e do governador Sérgio Cabral, o deputado Alessandro Molon (PT) avisa que não poupará Solange da ligação com Cesar. E vê como melancólico o saldo das gestões de Cesar:

- É lamentável e melancólico. Ele se isolou. Não tem interesse algum em cuidar das pessoas e do cidadão. Isso é jogada de marketing da Solange Amaral. O Cesar Maia é o patrono da candidatura dela.

O discurso é parecido com o da ex-deputada Jandira Feghali, que concorre ao cargo pelo PCdoB. Para ela, é inevitável que o tema seja um dos eixos do debate eleitoral:

- Hoje o Rio é uma cidade cujo planejamento não existe, onde o gestor vive num profundo isolamento. Do ponto de vista das políticas sociais, o Rio é um desastre. O saldo é absolutamente melancólico.

O PV chegou a participar do governo Cesar Maia quando seu atual presidente estadual, Alfredo Sirkis, comandou o Instituto Pereira Passos. Sirkis deixou a presidência do instituto depois de uma polêmica com o prefeito sobre construções irregulares na favela da Rocinha. Após trocas de farpas entre os dois, Fernando Gabeira, como candidato do PV e do PSDB a prefeito, diz que vai manter os projetos de Cesar que deram certo. Mas avisa que pretende governar a cidade com mais diálogo:

- Terei um estilo mais aberto do que Cesar Maia, mais aberto para conversas. Mas é preciso, porém, aproveitar tudo de bom que ele fez.

Criticado por governar a cidade virtualmente, pelo computador, Cesar Maia verá, caso Gabeira seja eleito, um aprimoramento do governo eletrônico.

- Não estou falando de governar a cidade por e-mails. O governo eletrônico dará respostas a requerimentos, por exemplo, sobre mudança de IPTU, e oferecerá outros serviços públicos, como consertar um buraco depois que ele for denunciado online - diz Gabeira.

Prefeito diz que quem deve avaliar é o eleitor

O deputado federal Chico Alencar, que concorrerá à sucessão pelo PSOL, critica o que chama de "apatia do prefeito".

- Nós vivemos uma ausência de governo, uma total apatia do Cesar com a gestão, seu visível enfado. A inapetência governamental absoluta se traduziu em problemas como a epidemia da dengue. O Cesar não soube, apesar de ter capacidade intelectual para isso, projetar o Rio. Isso levou à situação de depressão atual. Ele é um deprimido político.

O prefeito diz que quem fará a avaliação sobre seu governo é o eleitor. E que os pré-candidatos devem ser claros ao identificar o que vão mudar e o que vão apenas "agregar". Ele se defende das críticas:

- Como tenho uma agenda fechada e direta, eles (os pré-candidatos) não a vêem. Nas últimas semanas, a pedidos, tenho apresentado a agenda no ex-blog por fotos. Além disso, a prefeitura criou um sistema de democracia direta eletrônica. O prefeito é o ouvidor central.

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