Título: Programas do governo também serão disputados
Autor: Menezes, Maiá; Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 04/05/2008, O País, p. 9

Oposicionistas, no entanto, temem prejuízo com a nacionalização da campanha no estado.

Marcelo Crivella diz que qualquer apoio, caso haja segundo turno, será bem-vindo e que espera a presença de Lula nos palanques das capitais e de cidades mais importantes. Segundo ele, os programas eleitorais decidirão o apoio do presidente nas cidades em que duas candidaturas forem formadas por partidos da base aliada:

- Nesse caso, a eleição ganha outra dimensão porque terá a disputa por projetos e planos. Imagens de arquivo ou trabalhos que tenham sido feitos com o presidente poderão ser utilizados.

Jandira lembra que sempre apoiou o presidente e que cautela seria a postura mais adequada para Lula na disputa municipal:

- Em 20 anos apoiando o Lula, acho que o mínimo que a gente pode sugerir a ele é que tenha cautela. Uma atitude dele pode confundir o eleitorado.

Se a visibilidade nacional da campanha atrai Molon ("É impossível tentar evitar que personagens nacionais entrem na campanha, dada a centralidade do Rio"), incomoda Solange Amaral e Fernando Gabeira - que afirma não ver problemas em administrar o Rio em parceria com o governo federal.

- Quero discutir a esquina. A eleição municipal não pode ser palanque e reboque para projetos nacionais - diz Solange.

Gabeira é o pré-candidato menos preocupado com a opção de Lula. Talvez porque ainda se lembre de sua saída do PT em 2003. Já desgastado com o partido, o deputado ficou esperando, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por cerca de uma hora pelo então chefe da Casa Civil, José Dirceu. Irritado, Gabeira deixou o Palácio do Planalto e apressou seu desligamento do PT.

Para as eleições municipais que se aproximam, o pré-candidato do PV prefere esperar um eventual apoio, caso vença na urnas em outubro:

- O presidente Lula já disse que trabalha com adversários com a mesma boa vontade e abertura que são necessárias quando se tem uma visão de país. Esse discurso é plenamente satisfatório para mim.

Paulo Ramos não faz questão de apoio de Lula

Sobre a escolha entre um candidato ou outro num possível segundo turno, Gabeira mostrou indiferença.

- Não me importo muito em qual palanque ele (Lula) vai subir. Conto com a disposição dele em trabalhar depois das eleições com quem ganhar.

Pré-candidato do PDT, o deputado estadual Paulo Ramos diz que não quer colar seu nome a ninguém, muito menos ao do presidente Lula. Apesar de o seu partido integrar a base do governo, ele faz críticas à política econômica e até a um dos programas mais celebrados do presidente, o PAC:

- Não tenho tutor e não fui fabricado por ninguém. Não sou o candidato do presidente da República, do prefeito, do governador. Não quero ter com eles nenhum tipo de salamaleque, bajulação. Nessa eleição, cada um tem o seu patrono, o que é lamentável. Discordo do PAC. A população está recebendo obras sem ter sido consultada sobre suas prioridades.

O pré-candidato do PSB, Carlos Lessa, é desafeto de Lula, pois foi demitido por ele, em 2004, da presidência do BNDES. Lessa saiu do banco com a imagem desgastada no governo, pois fazia críticas públicas à política econômica. O professor de economia da UFRJ diz que sua experiência como coordenador de um plano estratégico para o Rio, na primeira gestão do prefeito Cesar Maia, lhe deu a experiência necessária para conhecer a cidade e formular propostas para revitalizá-la.

COLABOROU Cláudia Lamego