Título: Ciclone mata 2 pessoas e desabriga 1.500 no Sul
Autor: Baldissarelli, Adriana; Barros, Higino
Fonte: O Globo, 04/05/2008, O País, p. 13

Ventos de até 100 quilômetros por hora deixam 350 mil sem luz e alagam casas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

FLORIANÓPOLIS e PORTO ALEGRE. A Região Sul voltou a viver momentos de pânico como os ocorridos há quatro anos com a chegada do furacão Catarina. Um ciclone extratropical atingiu ontem o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, causando chuvas e ventos fortes ¿ entre 80 e 100 quilômetros por hora ¿ e matando duas pessoas, além de deixar 350 mil sem energia elétrica por mais de seis horas. Mil e quinhentas pessoas ficaram desabrigadas na região metropolitana de Porto Alegre; em Santa Catarina, moradores foram aconselhados a deixar suas casas temporariamente. Dois municípios gaúchos ¿ Santo Antônio da Patrulha e Caraá ¿ decretaram estado de emergência.

Na região metropolitana de Porto Alegre, casas foram alagadas. Em Serafina Corrêa, o motorista de caminhão José André Pinheiro Parnechi, de 37 anos, morreu ao ser atingido por uma árvore, quando saiu do veículo para retirar um galho de eucalipto caído na rodovia RS-219. Maria Estela da Silveira, de 80 anos, morreu após sofrer um mal súbito, quando viu sua casa cercada pela água, na estrada Otaviano José Pinto, em Porto Alegre.

Moradores foram avisados a tempo para erguer móveis

Em Florianópolis, árvores derrubadas pelo vento romperam cabos de transmissão de energia elétrica, na Barra da Lagoa e no centro da cidade, e interromperam o tráfego durante a madrugada na rodovia SC-404, na subida do morro da Lagoa da Conceição. O prédio de um núcleo de educação infantil do governo do estado foi destelhado na Costeira do Pirajubaé. Sete equipes da Companhia de Energia Elétrica de Santa Catarina (Celesc) restabeleceram o fornecimento de energia elétrica na tarde de ontem.

Em Santo Amaro da Imperatriz, o Rio Cubatão transbordou e alagou uma rua. Em Laguna e Tubarão também foram registrados alagamentos, mas a Defesa Civil avisou os moradores de áreas de risco a tempo para que erguessem móveis ou deixassem durante algum tempo suas casas. A Marinha proibiu a navegação no litoral catarinense no fim de semana, já que havia previsão de ondas de até três metros na costa e de seis metros em alto-mar. Equipes da Defesa Civil ficaram de prontidão no litoral sul do estado.

De acordo com meteorologistas, o ciclone extratropical formou-se sobre Santa Catarina no fim da tarde de sexta-feira e deslocou-se rapidamente para o Rio Grande do Sul. O ciclone não tem a magnitude do furacão Catarina, que atingiu o estado em 2004, mas provocou ventos superiores a 100 quilômetros por hora na Ilha do Arvoredo e no município de Governador Celso Ramos, de acordo com a meteorologista Gilsânia Cruz.

¿ Felizmente o ciclone perdeu força, e a situação está sob controle. Não há desabrigados nem registro de feridos em Santa Catarina¿ informou o operador do Conselho de Defesa Civil (Codec) Ailton Lopes.

*Especial para o GLOBO