Título: Liga da Justiça teria pelo menos 25 fuzis
Autor: Ramalho, Sérgio
Fonte: O Globo, 04/05/2008, Rio, p. 19

Paiol é formado por armas roubadas de rivais e até da polícia.

O poderio da milícia chefiada pelos irmãos Natalino e Jerominho pode ser medido pelo número de armas usadas pelo bando para sustentar o domínio territorial na Zona Oeste. As investigações da Draco indicam que o grupo contaria com pelo menos 25 fuzis. Um paiol formado com armas tomadas de bandos rivais e até mesmo obtidas em ataques a unidades da polícia. Integrantes da Liga da Justiça figuram entre os suspeitos do caso de invasão e roubo de armas ocorrido na 48ª DP (Seropédica) em janeiro do ano passado. A investigação sobre o crime foi transferida da delegacia do município para a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae).

Chefe do Serviço de Inteligência da Draco, o inspetor Jorge Gerhard lembra que, durante a operação que levou à prisão do vereador Jerominho, de seu genro, o inspetor de Polícia Civil André Luiz Malvar, e de outros três integrantes da milícia, foram apreendidos três fuzis, cinco pistolas e duas granadas M-9. Também foram recolhidos 42 carregadores de fuzis e pistolas, 882 projéteis de calibres variados e até duas lunetas (usadas em fuzis para disparos de longa distância).

As investigações da Draco relacionadas à atuação das milícias no Rio revelaram também a existência de uma movimentação de alguns chefes desses grupos para a criação de uma espécie de cúpula. Nos moldes do que foi feito pelos contraventores, os milicianos estariam tentando formar um colegiado, que fixaria áreas de atuação de cada grupo. O objetivo, como aconteceu com o jogo do bicho, seria colocar um fim nas disputas territoriais. Com isso, em cada região, um bando ficaria responsável pela exploração de centrais clandestinas de TV a cabo, por exemplo, e pela cobrança de diferentes taxas.