Título: Suposta falha em estatística de menores é apurada
Autor: Araújo, Vera
Fonte: O Globo, 04/05/2008, Rio, p. 25
De acordo com ISP, 1.249 infratores foram detidos em 2007, mas o Ministério Público contabilizou 2.608.
Um relatório da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do Ministério Público revelou que, dos 2.608 adolescentes detidos no ano passado e ouvidos pela instituição, na capital, apenas 1.249 apareceram nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP). Mesmo tendo como fonte os boletins de ocorrência da Polícia Civil, os números do Ministério Público e do ISP não coincidem, tendo uma diferença de 1.359 infratores (ou seja, 47%).
No próprio relatório, os analistas observam existir ¿uma grande diferença numérica entre os dados disponíveis no site do ISP referentes aos adolescentes que foram apreendidos e os dados das promotorias da 2ª Vara da Infância e da Juventude¿. As maiores discrepâncias ocorreram nos meses de março e abril (respectivamente, 164 e 151 infratores a menos).
O presidente do ISP, tenente-coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, admitiu que podem existir erros na tabulação dos dados e determinou uma investigação rigorosa nos índices. Ele lembrou que assumiu a presidência do instituto em fevereiro deste ano, depois da divulgação da estatística, mas que nem por isso deixará de dar prioridade ao levantamento, corrigindo-o se for necessário.
¿ Os dados devem ser corretos, públicos e transparentes. Não estamos manipulando nada. A primeira pergunta é: há erros? Temos que investigar se algum número está nos escapando. A nossa preocupação é com a veracidade das estatísticas ¿ afirmou o presidente do ISP.
Segundo a assessoria de imprensa do instituto, uma das razões de os números do Ministério Público serem superiores pode ser o fato de o ISP realizar a contagem por registros de ocorrência. Mas, de acordo com o site do instituto, o número divulgado é o de adolescentes infratores. Outra razão cogitada pela assessoria é que, quando o menor vai depor num caso que envolva um grupo, outros adolescentes são ouvidos pelo Ministério Público e eles, muitas vezes, não passam pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). De acordo com o MP, esse número seria residual, não correspondendo a uma diferença tão grande, de 1.359 infratores por ano.