Título: Aumentam registros de crimes contra mulheres
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 01/05/2008, Rio, p. 19

Estudo mostra que estupros subiram 7,7% em 2007.

Os números que registram a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro cresceram no ano passado em relação ao ano de 2006. Conforme dados do Dossiê Mulher, divulgado ontem pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), houve mais mulheres vítimas de estupros, homicídios, atentado ao pudor, agressão física e ameaça. O maior percentual de aumento foi dos estupros que cresceram 7,7% de um ano para outro.

Os autores do trabalho se concentraram em alguns crimes mais comuns contra mulheres. Em 2006, foram registrados 1.278 casos de estupros em todo o estado. Já no ano passado, foram feitos 1.376 registros, ou seja, 98 casos a mais, uma proporção de 8,7 casos para cada 100 mil habitantes.

A Área Integrada de Segurança Pública (AISP) onde houve o maior número de casos foi a do batalhão de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Outras AISP's da região também estão na frente das estatísticas, como Nova Iguaçu (2º lugar) e Belford Roxo (3º). A área de segurança do 9º BPM (Rocha Miranda) é a com maior número de casos na capital.

Um terço dos estupradores são parentes das vítimas

Mulheres solteiras (75,8%) e com idade entre 12 e 17 anos (34,6%) foram as principais vítimas do crime. Outro dado que chama a atenção é que as mulheres informam que 17,2% dos autores foram seus companheiros ou ex-companheiros, 11,8% foram seus pais ou padrastos e 6% foram parentes delas. Ou seja, dos estupradores, quase um terço tem grau de parentesco com a vítima.

Nos casos de atentado violento ao pudor, as semelhanças são grandes. Houve aumento de 2,7% de um ano para outro (1.272 casos em 2006 e 1.306 no ano seguinte). As AISP´s de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Belford Roxo são as líderes de casos no estado. Na capital, também é a de Rocha Miranda a que registra mais casos. As principais vítimas, no entanto, são crianças entre 6 e 11 anos e pouco mais de um terço das vítimas foram atacadas por parentes.

O número de mulheres vítimas de homicídio também aumentou, passando de 409 para 435 em 2007. O maior número de casos, novamente, foram nos três batalhões da Baixada. As maiores vítimas foram mulheres entre 25 e 39 anos de idade. Já o número de mulheres agredidas (lesão corporal culposa) passou de 42.669 para 45.514. As maiores vítimas também foram as mulheres entre 25 e 39 anos (33,8%) e os maiores agressores os maridos ou ex-maridos (49,8%).

Já no crime de ameaça, as mulheres representaram 62,4% de todas as vítimas deste crime no ano passado. No total, foram 39.038 casos contra mulheres, num aumento de 3,1% em relação ao ano anterior. As cinco áreas onde mais aconteceram casos foram Nova Iguaçu, São Gonçalo, Duque de Caxias, Belford Roxo e Rocha Miranda. As mulheres solteiras (50,5%) e com idade entre 25 e 34 anos (32,6%) foram as que mais sofreram com este tipo de crime. Novamente os ex-companheiros ou companheiros (46,1%) são os maiores agressores.

Os autores do estudo dizem que o trabalho tenta contribuir ¿tanto para o aumento da visibilidade destes graves problemas que afetam a sociedade, como propiciar o aprimoramento de políticas públicas de combate à violência contra a mulher.¿