Título: Avanço do PIB pode ser até 1,5 ponto maior
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 01/05/2008, Economia, p. 27

Para FGV, juros reais podem cair para 4%, ajudando a atrair investimentos externos e a turbinar a economia.

Com o grau de investimento, o Brasil se prepara para um novo ciclo de desenvolvimento. Os juros reais, hoje em 7,1% ao ano, podem cair a 4% e 5% em dois anos. Só com o selo de segurança, concedido ontem pela agência de risco S&P, a economia tem potencial para crescer mais 1,5 ponto percentual. As projeções, feitas por Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), vão além: o perfil da dívida interna será alongado. Passará de uma média de dois anos, atualmente, para cinco anos, até 2010.

¿ É o que eu chamo de prêmio de excelência macroeconômica. O país vai receber mais dinheiro externo de fundos de pensão, de seguradoras e de governos de países conservadores, que, para aplicar no Brasil, precisam do selo de baixo risco. E, com o juro real mais baixo, haverá uma maior possibilidade de investimento das empresas, já que haverá redução no custo de capital ¿ explica Langoni.

Para o economista, o Brasil vai se tornar até mais competitivo em relação aos países que compõem os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, China e Índia ¿ que já receberam o grau de investimento. Segundo Langoni, a expansão da economia brasileira vai se aproximar do crescimento médio de 7% dos seus parceiros emergentes:

¿ A convergência entre as taxas de crescimento dos países dos Brics será rápida. E ainda vamos sair na frente, pois a economia brasileira é mais diversificada que a da Rússia, que se baseia em petróleo, e a da Índica, em serviços. No Brasil, os setores agrícola e financeiro são os mais fortes do grupo.

O ex-presidente do BC ainda lembra que o investimento estrangeiro direto (recursos produtivos, que têm como destino ampliação de empresas ou instalação de novas) vai continuar com força. Serão, no mínimo, R$30 bilhões por ano, calcula. Alexandre Horstmann, diretor de gestão da Meta Asset Management, diz que, como aconteceu em outros países que receberam o grau de investimento, as taxas de juros reais vão cair a médio e longo prazos, já que o risco da aplicação será menor.

Fundos de países ricos têm patrimônio de US$8,3 tri

O país estará mais preparado para o poder de fogo dos fundos de pensão. Com base nos dados da consultoria Watson Wyatt, os fundos de EUA, Europa e Japão somam patrimônio líquido de US$8,3 trilhões. Mas, no primeiro momento, vão entrar no país de forma cautelosa, aplicando em títulos do governo, por serem considerados os mais seguros, opina Robert Wood, gerente de risco soberano da Economist Intelligence Unit (EIU, braço de análise da revista "The Economist").

Alfredo Coutino, economista sênior para América Latina da Moody¿s, os setores mais beneficiados no médio e longo prazo serão os de energia elétrica, mineração e petróleo:

¿ Só nos próximos seis meses, a aplicação dos investidores estrangeiros no mercado de capitais vai dobrar e chegar a US$15,6 bilhões.

Levantamento feito pela Sobeet, que reúne as empresas transnacionais no Brasil, constatou que os investimentos diretos estrangeiros cresceram significativamente antes e, principalmente, depois do grau de investimento. Em nove economias avaliadas ¿ Chile, Israel, Tunísia, Polônia, África do Sul, México, Rússia, Bulgária e Romênia ¿ houve alta de 45%, em média, nos dois anos anteriores à obtenção do selo. Nos dois anos seguintes, o salto foi ainda maior: 174%.

¿ Depois do recorde em investimento direto estrangeiro de 2007 (US$34,5 bilhões), o Brasil caminha para novo recorde ¿ prevê o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima.

COLABOROU Luciana Rodrigues

EXPORTADORES TEMEM QUEDA EXCESSIVA DO DÓLAR, na página 29

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