Título: Analistas esperam repasse modesto
Autor: Tavares, Mônica; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 01/05/2008, Economia, p. 31

Para especialistas, aumento de preço nas refinarias não pressionará IPCA.

Especialistas em inflação não ficaram preocupados com a decisão do governo de reajustar preços da gasolina e do diesel. Mas, embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirme que a redução da Cide (que incide sobre combustíveis) vai anular o repasse da alta de 10% da gasolina nas refinarias, os economistas acreditam que pode haver algum aumento nas bombas, apesar de pequeno. Já o diesel, que segundo estimativa do governo ficará 8,8% mais caro para o consumidor, tem impacto muito baixo no IPCA, parâmetro oficial da inflação.

- O impacto direto do diesel no IPCA é de apenas 0,08%. Um aumento de 8,8% tem impacto pequeno no índice - garante Marco Antônio Franklin, sócio da Paraty Investimentos.

Segundo Franklin, a medida foi muito positiva para a inflação e para a Petrobras, que reunirá mais recursos para investir nos campos gigantes de petróleo e gás descobertos abaixo da camada de sal marinha. Para ele, o impacto fiscal com a perda de R$2,5 bilhões a R$3 bilhões é pequeno, diante dos recentes recordes de arrecadação.

Para Freitas, as margens de lucro dos postos podem não ser as mesmas das refinarias e, por isso, pode haver algum aumento do preço da gasolina para o consumidor final. Elson Teles, economista da corretora Concórdia, considera que mesmo que aumente em 2% ou 3% o preço na bomba, o impacto para a inflação será ínfimo. Em todo caso, ele não descarta um impacto indireto do aumento do diesel, que é muito usado em fretes e no transporte público.

Para um analista de um grande banco, no caso do diesel, apesar de haver impacto, estão descartados neste momento aumentos no preço de transportes públicos, por ser ano eleitoral, opinião compartilhada por Teles.

No Índice de Preços por Atacado (IPA), que compõe o IGP da Fundação Getulio Vargas, o reajuste na refinaria terá impacto de 0,5 ponto percentual.

- É mais uma pressão num índice que já está alto (o acumulado em 12 meses é de 9,18%), mas o IGP já perdeu muita importância como indexador - avalia Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

Walter Assis, que consome um tanque de gasolina por semana, considera correto o reajuste:

- Tudo que é maquiado, depois vem como tsunami. É melhor esse reajuste agora, do que um aumento maior depois. (Colaborou Erica Ribeiro)