Título: Aceleração da inflação preocupa Lula
Autor: Tavares, Mônica; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 01/05/2008, Economia, p. 31

Presidente promete medidas para estimular produção de alimentos no país.

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a inflação é uma preocupação do seu dia-a-dia e acrescentou que o governo anunciará novas medidas para estimular a produção de alimentos.

- A inflação é minha preocupação cotidiana - disse, após a cerimônia de lançamento da nova carteira de trabalho. - A inflação está sob controle. Temos uma meta que está plenamente atingida e nós só precisamos tomar cuidado, porque não podemos relaxar em momento algum.

Em conversas com assessores próximos, o presidente manifestou especial preocupação com o impacto da inflação na renda dos trabalhadores e da população mais pobre, que entrou no mercado consumidor. Lula tem repetido que o governo vai trabalhar para evitar que a inflação corroa o poder de compra dos salários. O presidente teme que a redução do poder de compra dos mais pobres desestruture sua base de apoio na sociedade, que vem lhe garantido altos índices de popularidade.

Lula disse que o aumento da inflação é decorrente da pressão dos preços dos alimentos. Mas essa tendência pode se inverter com o incentivo à produção agropecuária no país. Segundo o presidente, o governo tem que negociar com os produtores e garantir um preço mínimo para motivá-los a produzir mais.

Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considerou um exagero dizer que o aumento da inflação esteja relacionado aos biocombustíveis. Segundo ele, produtos como a cana não concorrem com a alimentação. O tucano reconheceu, porém, que houve aumento da demanda por alimentos, assim como da especulação. E se mostrou preocupado com a disparada dos preços, que atinge principalmente as classes mais pobres.

- Não posso dizer que o aumento da inflação seja por causa dos biocombustíveis. Isto é um exagero - disse ele.

Pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que 39% dos empresários da indústria de transformação vão aumentar seus preços nos próximos três meses.