Título: Analistas: só a nota não resolve
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 02/05/2008, Economia, p. 27
Especialistas recomendam redução de gastos públicos e reformas.
BRASÍLIA. A obtenção do grau de investimento pelo Brasil não é um fim em si e, por isso, o governo ainda precisa fazer o dever de casa para aproveitar o bom momento da economia. Caso contrário, o país corre o risco de regredir e perder a chancela dada pela agência Standard & Poor"s. O alerta foi dado por economistas ouvidos pelo GLOBO, que são unânimes em defender a necessidade de redução dos gastos públicos e do tamanho do Estado, a continuidade das reformas macroeconômicas - como a tributária e a da Previdência -, e a agenda microeconômica, para a melhoria do ambiente de negócios.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor de política monetária do Banco Central, lembra que o grau de investimento é "uma coroa, mas tem seus espinhos". Ele destaca a tendência de queda acentuada da cotação do dólar, em razão do maior fluxo da moeda para o país, o que forçará o BC a rever a política de aumento de juros para conter a inflação. Juros maiores atraem capitais e forçam a cotação do dólar ainda mais para baixo, o que piora a situação das exportações.
A solução, segundo o ex-diretor do BC, é aumentar o esforço fiscal para reduzir a demanda interna, que põe mais lenha na inflação. Freitas recomenda reforçar o superávit primário (economia para pagar os juros), estabelecido em 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Ele vê com preocupação o aumento das despesas públicas, sobretudo com pessoal e previdência.
- O esforço fiscal tem que se manter igual ou ser até maior - diz.
A economista-chefe do ABN Amro, Zeina Latif, lembra que para o país crescer mais é preciso melhorar a qualidade da política fiscal:
- O quadro fiscal é ruim, com gastos públicos crescentes e mal alocados, além da carga tributária elevada.
BANCO MUNDIAL ANUNCIA PROGRAMA DE US$7 BI PARA O BRASIL, na página 28