Título: Chávez aumenta mínimo
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 02/05/2008, O Mundo, p. 30

Venezuelano anuncia medida pela TV no feriado.

CARACAS. O Dia do Trabalho foi marcado por manifestações em várias partes do mundo, com protestos e focos de violência em diversos países. Mas em alguns lugares, como Venezuela e Cuba, foram palco de manifestações alimentadas pelo governo. Em Caracas, o presidente Hugo Chávez utilizou a data para anunciar um aumento do salário mínimo.

As manifestações de aliados do governo, que já estavam marcadas para ontem, foram feitas horas depois de Chávez ter anunciado, de surpresa pela TV, que o salário mínimo seria aumentado em 30% a partir de ontem. Agora, o menor salário legal no país passa a ser 799 bolívares fortes, o equivalente e R$634.

- É o mais alto salário mínimo da América Latina - afirmou o presidente, que também anunciou um aumento de 30% para grande parte dos funcionários públicos. - Colocar dinheiro no bolso dos trabalhadores é mais importante do que a inflação.

Sindicalistas ligados ao governo comemoraram ontem, nas ruas de Caracas, o aumento. Um deles foi Franklin Rondón, da União Nacional dos Trabalhadores.

- Estamos entre os primeiros da América Latina. A administração pública também fará uma nova escala salarial, que trará mais aumentos.

Já sindicalistas de oposição, que fizeram manifestações à parte em outra área da capital, não concordam. Manuel Cova, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela, disse que o aumento "é insuficiente e discriminatório":

- A Venezuela tem a inflação mais alta do continente, 70% dos trabalhadores não têm acesso à seguridade social e 80% dos contratos coletivos não foram discutidos - disse Cova, acrescentando que os trabalhadores dos programas sociais do governo têm salários muito menores.

Em Cuba, o presidente Raúl Castro participou de sua primeira marcha do Dia do Trabalho, principal feriado no país. A manifestação teve como tema o aumento da produtividade na ilha. Ao contrário de seu irmão, Fidel, que fazia longos discursos na data, Raúl nada falou.

Na Turquia, manifestantes contrariam a determinação do governo e tentaram fazer um comício na praça Taksin, em Istambul. Houve confronto e 467 pessoas foram presas. Na Alemanha, houve choques em Hamburgo e Berlim. Na Rússia, 30 mil pessoas marcharam em Moscou, protestando contra o "crescimento econômico só para os ricos".