Título: Candidatura de Alckmin racha PSDB
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 06/05/2008, O País, p. 9

Em reunião do partido, grupos a favor de tucano e de Kassab batem boca.

SÃO PAULO. Numa reunião em que não faltaram vaias e xingamentos, o PSDB de São Paulo tentou ontem à noite debelar uma crise interna para lançar o nome do ex-governador Geraldo Alckmin para a prefeitura de São Paulo. Diante da posição de 11 dos 12 vereadores da bancada tucana na Câmara ¿ que ontem, pela primeira vez, fizeram campanha aberta a favor da reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) ¿, a direção municipal dos tucanos não conseguiu unanimidade em torno do nome de Alckmin.

De um lado, um grupo ligado ao ex-governador encheu o auditório da sede do diretório municipal do PSDB paulista, exigindo a candidatura própria. Já uma turma de tucanos pró-Kassab fez de tudo para adiar qualquer decisão. Até o fim da noite de ontem, o partido não havia conseguido decidir qual será seu papel na eleição municipal deste ano. Sob vaias, o secretário estadual Walter Feldman (PSDB), entusiasta da campanha de Kassab, tentou convencer os correligionários de que o nome de Alckmin deve ser lançado apenas em 2010, para o governo estadual.

¿ Assumimos o compromisso de ir até o fim nesse governo (municipal) e não deserdaremos do compromisso ético que assumimos ¿ disse ele, vaiado por cerca de 30 pessoas.

Na defesa de Alckmin, o vereador Tião Farias, único a não fechar com a bancada, criticou o quadro de alianças que vem se formando em torno do atual prefeito.

¿ Ele (Kassab) já colocou o (Orestes) Quércia na sala. Vocês vão votar em gente ligada ao Quércia? ¿ perguntou o vereador, referindo-se ao apoio do ex-governador de São Paulo, hoje presidente do PMDB paulista, à campanha de Kassab.

Semana passada, a executiva municipal do PSDB decidira que o nome de Alckmin seria aclamado ontem. Diante do apelo para que a direção do partido ¿escutasse a militância¿, o PSDB de São Paulo deu voz aos 71 integrantes do diretório, além dos 52 presidentes de escritórios zonais. Os discursos, por vezes, transformaram-se em bate-boca.

Durante o dia, a ala do PSDB de São Paulo simpática a Kassab articulou para tentar impedir que o diretório municipal ratificasse a candidatura de Alckmin. Em reunião realizada para a imprensa, 11 dos 12 vereadores da bancada do PSDB na Câmara formalizaram pela primeira vez o apoio a Kassab.