Título: Para prefeituras do PDT em SP, R$234 milhões
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 07/05/2008, O País, p. 9

EMPRÉSTIMOS SOB SUSPEITA: Campinas teve maior volume de crédito aprovado, R$178,8 milhões, ainda não pagos

Partido governa oito municípios paulistas que têm contrato com o banco, que nega qualquer critério político

BRASÍLIA. Implicado no escândalo do BNDES por meio do deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, o PDT governa 22 prefeituras em São Paulo, das quais oito têm operações de financiamento com o banco estatal desde 2004. Esses contratos somam R$234,6 milhões, e R$27,3 milhões já foram desembolsados. Setores do PDT cobram explicações de Paulinho, e os prefeitos pedetistas se queixam da suspeição generalizada.

Segundo o Ministério Público Federal, a investigação da Polícia Federal que desbaratou o esquema de propinas mostra que a quadrilha tinha como alvo cerca de cem municípios no país e que dez prefeituras de São Paulo podem estar envolvidas. A Operação Santa Teresa revelou um esquema de desvio que envolveria funcionários e conselheiros do BNDES e a prefeitura de Praia Grande (SP), do PSDB.

Cruzamento entre as prefeituras do PDT e operações de crédito do BNDES mostram que nove cidades obtiveram aval ou fecharam contrato de financiamento com o banco após 2004, ano em que a quadrilha supostamente começou a atuar. A título de comparação, apenas duas das 16 prefeituras em São Paulo governadas pelo PSB - um partido de tamanho médio como o PDT e também da base governista - têm operações com o BNDES a partir de 2004: Pedreira e Rio das Pedras, no total de R$647 mil.

Campinas, do prefeito Hélio de Oliveira Santos, é o município pedetista com o maior volume de crédito: dois empréstimos aprovados em maio de 2006, de R$160 milhões e R$18,8 milhões. Mas nenhum centavo foi pago ainda, segundo dados do site do BNDES. As duas operações ainda não têm status de "contratadas".

A prefeitura de Indaiatuba obteve no ano passado quase R$2 milhões, já pagos. O prefeito José Onério da Silva afirma que a verba foi toda utilizada na compra de máquinas e equipamentos, conforme o contrato.

- O que não pode é fazer suspeição globalizada. O fato de ser do PDT não quer dizer nada, pode ser apenas uma questão isolada - disse o prefeito.

O prefeito de Salto (SP), José Geraldo Garcia, repetiu:

- Precisamos aguardar a explicação (de Paulinho) à cúpula do partido, não criar suspeitas.

A cidade de Geraldo Garcia recebeu financiamento de R$1,7 milhão em 2007. Ele considera que o processo foi longo e complicado, devido ao rigor das exigências do BNDES.

Em Marília, um financiamento de R$49,35 milhões foi contratado em maio de 2004, na gestão anterior do atual prefeito Mário Bulgarelli, que se filiou ao PDT no ano passado e não tem laços com a cúpula do partido, de acordo com sua assessoria.

A assessoria do BNDES afirmou que o critério partidário não tem relevância nos procedimentos de aprovação de operações e reiterou que o banco atende a centenas de prefeituras.